quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Blogs: uma construção coletiva

Já há algum tempo que os blogs estão fazendo uma revolução na forma de escrever. E com isso estamos aprendendo uma nova escrita. Com os blogs a comunicação textual ganhou agilidade e feedback comparados a linguagem oral. E quase tudo que se é postado nesses veículos de comunicação tem algum tipo de repercussão e de mensagem. Até mesmo a ausência de comentários dos seguidores pode ser considerada como um sinal de desinteresse e irrelevância para o leitor.

Com os blogs o ato de escrever deixou de ser uma atividade solitária para ser uma construção conjunta! O escritor deixou de ser o único senhor e autor do texto para ser um colaborador, elevado ao status de participante. E os posts (antigos textos) passaram a ser partilhados. As idéias iniciais - do autor - continuam apenas no início mesmo, pois o fim do texto é uma obra coletiva sem final previsível. Quanto ao sentido de coesão e coerência textual, esses são dados a cada comentário postado por quem se aventura em opinar.

Os blogs assumem o papel das velhas tribunas públicas – dado as devidas proporções – democraticamente escreve-se e se posta tudo o que quiser. E como toda democracia ativa as respostas não são necessariamente o que se espera. E que bom que seja assim. Eles, os blogs são também espaços generosos para os filósofos de plantão onde questionar e se questionar é a ordem do dia, é válido e é permitido. E por que não?

A todos os comentaristas e co-autores desse blog um especial agradecimento. Declaro que de fato estão me ensinando novas formas de escrever e de ver o mundo. Peço permissão para citar cada um que fez pelo menos um comentário no blog em 2010. São eles: Cristiane Alberto; D. Everson; Andréa Lins ; Jô Vital ; Pollyana Alves; Amanda Ganimo; Terezinha Nascimento ; Luciana Vidal ; Catarina Drahomiro ; Mércia Ramos; Mário Lopes ; Arlete Braz ; Neide Oliveira ; Macson Rodrigues ; Milton Carvalho ; Ively Almeida ; Luciana Carvalho; Carlos Vieira ; Simone Xavier ; Renato Cunha ; Elane Crisol ; Cássio Murilo ; Vicente Neto ; Tiago Silva ; Alba Rejane ; Taty Vieira ; Ana C. Figueiredo.

Aos que leram os textos e não fizeram comentários desejo também os meus sinceros agradecimentos. E os convido a partilharem seus conhecimentos nos próximos textos.

A todos um feliz 2011!
Pedro Manoel

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

O Natal e o sentido dos sentimentos diários

Vive-se a expectativa de mais um Natal. Tirando os ataques ferozes do comércio essa é a melhor época do ano. Pois ao que parece às pessoas ficam mais receptivas e se permitem viver mais as emoções e a partilhar os sentimentos. Mantendo a tradição dos votos natalinos este blog também fará os seus: Deseja-se que todos fiquem mais atentos ao sentido dos sentimentos na vida diária. E procurem compartilha-los para que nos leve a um mundo de relações melhores.

Falar de sentimentos para alguns não é nada fácil e prestar atenção a eles pode ser ainda pior. O tema sentimento por si só é escorregadio a compreensão. E isso é um complicador. Por ser “quase” inexplicável não há um consenso universal sobre o assunto. Uma possível explicação, meio óbvia, é que os sentimentos são abstratos e tudo que é abstrato não se pode mensurar com precisão. Desta forma, o que se sabe dos sentimentos é uma “versão” individual, pessoal, particular e muitas vezes intransferível.

Como se não bastasse à dificuldade “quase que natural” de se falar do tema há o agravante educacional. Pois há quem apregoe que: “meninos não choram, pois são machos! Já as meninas choram por que são naturalmente frágeis e indefesas”. Isto é, homens não podem ter sentimentos e mulheres os têm em excesso. Quem criou esses conceitos não se sabe. A verdade é que eles ainda perduram nos dias atuais.

Conceitos desse tipo só reforçam o processo de alienação emocional que nos é imposto há muito tempo. E com isso aumenta-se, cada vez mais, o abismo entre o racional X o emocional e entre a razão X a sensibilidade. Esse “separatismo” comportamental encontra apoio e até incentivo no âmbito corporativo/empresarial onde há uma supervalorização dos indivíduos racionais e pragmáticos em detrimento dos mais emocionais e sensíveis. Como se as pessoas pudessem simplesmente anular uma emoção em detrimento a outra.

Uma coisa é fato, ninguém consegue anular totalmente os sentimentos. O máximo alcançado é uma atrofia emocional. Mas que também não é definitivo. Sem impulsos eles – os sentimentos – ficam ali parados a espera de movimento. Ao primeiro estímulo começa a se desenvolver. O processo é lento e gradual, como uma criança que está aprendendo os primeiros passos.

Penso como se tornou difícil prestar atenção nos sentimentos! E quão bom pudéssemos reverter o processo e tornássemos a emoção uma prática do intelecto tão valorizada quanto à racionalidade.
Sendo assim, reforçamos os votos de Feliz Natal e que todos fiquem mais atentos ao sentido dos sentimentos na vida diária. E procurem compartilha-los para que nos leve a um mundo de relações melhores.
Pedro Manoel

sábado, 4 de dezembro de 2010

Diferenças


Definitivamente somos diferentes! Isso é fato. Cada ser é único e possui características sutilmente distinguíveis. Sendo assim, só reforça a idéia de que “toda regra só é regra porque existem as exceções. O igual só é igual porque existe o diferente”.

Explorando o óbvio da questão há um elemento básico no convívio das diferenças: A aceitação. Ora, uma vez que se admiti as diferenças à aceitação irrestrita dos fatos não é garantida. Uma coisa é saber outra é aceitar. Começam os conflitos ao admitir que o outro é um todo e não apenas à parte específica que se gosta. Tentativas de modificar o outro apenas por questões de “auto-ajuste” pode ser uma empreitada sem muitas garantias de sucesso.

Tentar moldar o parceiro funciona, mais ou menos, como gostar do Sol (O astro rei) e só aceitar o que for particularmente mais conveniente, do tipo: Preciso dele (O Sol) apenas pela manhã até às 10h, pois não está muito quente e só depois das 16h quando já está esfriando. Não pode estar muito luminoso por que fere os olhos. Também não é bom o quando se põe às 18h, pois preciso que fique mais tempo comigo. Desperta cedo pode, mas sem me acordar com seus raios incandescentes. Ah! Não esquecer de falar para o céu te acompanhar sempre sem nuvens. E só para lembrar, nada de intimidades com a Lua, as estrelas, os cometas...

Depois de “aparada as diferenças” e de se certificar de que tudo no outro finalmente está “ajustado” restará a semelhança imposta. Conseqüentemente o outro vai estar tão semelhante como o reflexo do espelho do banheiro numa segunda-feira às 6h da manhã. Tudo está pronto! Não há mais estímulo para o diálogo, para o debate e a aprendizagem. Também não há perguntas por que de antemão já se sabe das respostas, surpresas não mais existem.

Aceitar as diferenças interpessoais não é apenas ter conhecimento de sua existência, vai além. É saber que o outro é tão importante quanto nós mesmos. Que o convívio nos oferece a oportunidade de ver o mundo com novas visões para os mesmos fatos e vislumbrar perspectivas antes imperceptíveis. Sendo assim viva as diferenças.
Pedro Manoel

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Pois então, posso ser sincero?



“E ai? Não gostou do que eu disse? Estou sendo sincero!” Pra ser sincero... Permita-me a sinceridade... Sinceramente! Qualquer uma dessas sentenças remete a algo, que de antemão se sabe, não é lá muito agradável. Ao que parece não estamos acostumados com a sinceridade.

Mas, por que a sinceridade tem essa face melindrosa da mágoa? Será que sempre que se é sincero corre-se o risco de alguma forma ferir o outro? Sendo assim então, não ser totalmente sincero é ser simpático e amigável?

Na perspectiva da superficialidade das relações abster-se de sinceridade garante, até certo ponto, a empatia pública e um maior número de admiradores. Quem não conhece aquele tipo que numa roda de conversa concorda com todos, não se posiciona em momento algum e quando abre a boca fala com parcimônia acalmando os mais inflamados? È o famoso “em cima do muro” que de certa forma, apesar de toda simpatia não é uma figura das mais marcantes.

Não confundimos, portanto, simpatia com falta de sinceridade. Afinal há situações que por polidez não se pode expressar uma opinião sincera, mas nem por isso falta-se com a verdade.

A sinceridade está diretamente ligada à verdade. Não a verdade imparcial, mas como cada um a entende e a percebe. Ao contrário do que muita gente que se auto-intitula sincera, a sinceridade não precisa ser necessariamente rude. È possível ser sincero sem magoar, ferir. Mesmo contrariando aqueles que dizem: “a verdade dói, mas tem que se dita!”.

Quem se magoa com a sinceridade não está muito habituado com a verdade e só espera do outro aquilo que se quer ouvir e acreditar. Com isso perdem-se oportunidades preciosas de autoconhecimento e desenvolvimento pessoal.

Pois então, posso ser sincero?
Pedro Manoel

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

O que é o Amor?



O amor vai além de toda e qualquer tentativa de compreensão. E aventurar-se nessa empreitada é um caminho que leva a um rumo desconhecido de dúvidas e questões. O mais nobre dos sentimentos sempre foi um mistério para a humanidade e continua sendo até hoje! Já na Grécia antiga os gregos formulavam questões a seu respeito. Isto é, há cerca de três mil anos antes de Cristo, no nascimento da filosofia, o amor era a ordem do dia nos debates. E a pergunta continua renitente, contumaz. Não me interesso muito por respostas já consagradas (pelos próprios filósofos gregos) dos três tipos de amor: Eros, Philia e Ágape. A divisão do termo em três tipos de conceito não me ajuda muito. Questiono o amor livre das teorias filosóficas ou religiosas. Questiono o sentimento que não se verbaliza totalmente, que é grande o suficiente para não caber nas quatro letras do nome. Mas que mesmo assim é impalpável e escorregadio como o tempo. Gostaria de saber o que se passava pela cabeça de Mario de Andrade quando escreveu o magistral livro Amar, verbo intransitivo. Ora, se o amor é um verbo, logo é uma ação, um movimento. Seria então um sentimento em movimento que vai em direção ao outro, e que volta e que vai novamente? Um sentimento de troca! Melhor ainda de doação? É isso! Já ouvi dizer que o amor é simplesmente doar. Então, seria o amor um sentimento em movimento e de doação? Seria por isso que doar é desapegar-se de algo ou de alguma coisa? Desprender-se diante das coisas superficiais, das vaidades em detrimento de coisas importantes e que fazem sentido a vida, saber dividir e compartilhar? Será que só se ama verdadeiramente quando há o desapego? Mesmo correndo o risco de me aventurar em empreitadas desconhecidas e de ser taxado de piegas continuarei na tentativa de compreensão do que é o amor.
Pedro Manoel

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

O fenômeno das redes sociais


Onde estão aqueles bons e velhos grupos de amigos? Aqueles dos encontros semanais para jogar conversa fora, debater, tomar umas e outras... Esse tipo de grupos sociais está cada vez mais raro entre os jovens e, pouco a pouco, com os adultos também.

Saudosismo à parte, a nova onda são as redes sociais virtuais. E agora, aquela “boa e velha turma” se encontra por aí em alguma rede na internet. Caminha-se para uma nova era comportamental em que as relações sociais estão cada vez mais pautadas de acordo com essa mídia. Se inteirar das características dessas relações que se estabelece nas redes sociais se torna algo importante para a vida diária.

No Brasil o primeiro sucesso das redes sociais foi o Orkut, em seguida veio o Facebook e agora a bola da vez é o Twitter. E então, qual é a sua rede? Se você faz parte de pelo menos de uma dessas três, saiba que você também faz parte do que se chama de “cibercultura” e de “Matrix”. Uma coisa é certa, essas redes estão mudando comportamentos. Muitos dos aspectos de transmissão de informação e de capacidade de divulgação se encontram na atualidade marcados pela passagem desses sites e demais espaços da rede mundial de computadores. O fenômeno é mundial e vale ressaltar que não há qualquer tipo de exclusão social neste aspecto, visto que, a inclusão digital parece está sendo bem incentivada, pelo menos, aqui no Brasil.

A exemplo do Orkut, sucesso entre os jovens de todas as classes sociais, destaca-se pela questão sociável onde a meta a ser atingida pelos mais narcisistas é ter mil amigos. A desvantagem da rede é que esta apresenta pouca interatividade. Já o Facebook permite maior interação, há mais aplicativos e um certo aspecto “do se mostrar”, falar de si mesmo, fazer testes de informações pessoais e brincar de interagir se mostrando. Cresce a cada dia o uso do Twitter entre os mais “descolados” e antenados. Com um espaço de apenas 140 caracteres para escrever o que quiser exercita-se a capacidade de ser direto na escrita. Permite uma interação mais síncrona. Lá se fala tudo o que vem a cabeça e “escuta” tudo aquilo que os outros tem a dizer. É o admirável mundo novo diria Aldous Huxley. Uma característica comum das três redes sociais acima é a busca incansável, de alguns membros, por seguidores como se o número deles indicasse de fato popularidade.

Vaidades à parte, a redes se fortalecem justamente pelo agrupamento dos membros e pela interatividade. Logo as redes sociais despertaram os interesses econômicos tornando/adaptando essas redes em mídias sociais. E o motivo é que toda essa interação está cada vez mais rápida somada ao fato de o Brasil ser um dos países de maior acessos a Internet com índices impressionantes.

Surge então no mercado a necessidade de pessoal capacitado para lidar com essa poderosa mídia. Não demorou muito e logo apareceram três novos profissionais em redes sociais: o search engine optimization – SEO que usa uma série de macetes para posicionar melhor um site, uma marca ou produto no buscador do tipo Google e Yahoo. O netweaver (tecelão de redes) orienta os clientes a usar as redes sociais de forma mais eficiente sem perder tempo nas buscas. E o desk researcher (pesquisador profissional) especializado em pesquisas de tendência de mercado. Seu trabalho consiste em descobrir tudo sobre uma determinada área de interesse do cliente.

É isso ai surgem novos produtos, novas demandas, estamos diante também de uma nova forma de olhar e de se posicional diante das tecnologias de comunicação e informação. Mas afinal, qual é a sua Matrix?
Pedro Manoel

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Debater sobre política?


Debater sobre política no Brasil está em desuso. Estamos desaprendendo está prática. O que se vê é uma fala aqui, outra ali, opiniões breves e superficiais sem muitas delongas. E ao que tudo indica trata-se de uma repulsa coletiva ao tema.

O descrédito nas instituições políticas está esvaziando, cada vez mais, a conversação e o debate. E com isso, fortalecendo o processo de alienação da massa. Sem dúvida é uma boa estratégia de dominação, visto que, o colonialismo e a ditadura tiveram resultados passageiros. E sendo assim, percebeu-se que não se combate idéias apenas com a força, mas com a sua ausência; e que a transmissão das idéias se dá por meio da comunicação e do diálogo.

Portanto, o debate é uma verdadeira ameaça ao poder. Segundo a filósofa Márcia Tiburi “conversar é perigoso. A má política, aquela que se separou da ética, sempre soube o quão perigoso para si mesma era a conversação. Nos campos de concentração da Alemanha nazista era comum a separação de prisioneiros de mesma língua e o convívio de prisioneiros de nacionalidades diferentes”. Obviamente que debater sobre as coisas das quais incomodam, inclusive da má política, estimula a reflexão e fatalmente a busca por soluções. Isto é inevitável. Em muitos casos, nos debates políticos dá-se início a verdadeiras revoluções. E isso é tudo que as classes dominantes não querem, Claro! Pois a manutenção do poder é gerida pela estagnação da população amorfa, não pensante, incapaz do debate.

Chegar a esse resultado leva algum tempo e necessita de aliados, pois não se faz tudo sozinho. Sendo assim, nada melhor que a ajuda da boa e velha mídia, sempre amiga do poder. Quem é mais indicado para fazer a tarefa da lavagem cerebral na massa? De criar programas alienantes, novelas com temáticas do outro mundo e desenhos e filmes fantasiosos? Afinal de contas o horário nobre – onde a família toda está reunida – é ou não é a hora da novela? Conversação e debates? Isso serve para quê?
Pedro Manoel

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

O escândalo de véspera de eleição


O Brasil vive a expectativa de mais uma eleição presidencial. E assim os candidatos estão na reta final de suas campanhas. São momentos decisivos para conquistas dos eleitores, principalmente dos indecisos. Até aí tudo bem conforme o esperado para qualquer pleito decente. Só que há um elemento - não tão surpresa - e já algum tempo conhecido dos eleitores: O escândalo de véspera de eleição. Infelizmente os brasileiros já estão se “acostumando” com tais escândalos. E de tantos fica difícil lembrar qual foi o mais chocante. Mas a questão primeira não é apenas entender o fato em si, mas os meandros que sustentam a rede de manutenção dos escândalos. Tenta-se entender por que só na reta final de campanha eleitoral que os “segredos” mais comprometedores vêm à tona. Afinal partidos opositores divergem sempre e não apenas na hora das eleições. Há inúmeras hipóteses para compreender o fenômeno e pretensiosamente arriscam-se algumas delas: Seria talvez um “acordo de cavalheiros” para esconder os escândalos mútuos? Pois nunca se sabe, na política o inimigo de hoje pode ser um aliado de amanhã; talvez um estratagema político de praxe? Ou de fato seria a vulnerabilidade da manutenção de uma insustentável rede secreta de corrupção que envolve variados meios de comunicação? Ou quem sabe apenas um ato impensado de revolta do opositor desesperado? Questões que certamente não encontrarão respostas, pelo menos de imediato. Não quer dizer com isso que nos esquivamos de questionar afinal, vivemos em um país democrático e temos escândalos para todos os gostos.
Pedro Manoel

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Ambiente de trabalho e os símbolos afetivos


Todos os dias chegam vários e-mails na minha conta, mas um deles vale a pena destacar. Merece tanta relevância que eis aqui mais um post. O e-mail é intitulado: Você se comporta bem no trabalho? Atitudes erradas podem emperrar a carreira. Com um título desses é quase impossível deixar de ler, seja lá o que for. Confesso que fiquei curioso e a primeira coisa que veio a cabeça foi descobrir o que de errado estou fazendo. Pois bem, mesmo com toda ansiedade li e reli o texto com a mente aberta, (tentei) a princípio sem pré-julgamentos ou auto-julgamentos apenas, com o intuito de apreender o conteúdo e melhorar a minha postura. Mas, como me conheço o suficiente sempre acabo fazendo alguns questionamentos. Destaco no artigo o seguinte tópico: “Outro problema com as estações de trabalho. Algumas parecem o quarto da pessoa. Têm dezenas de badulaques – de bichinhos de pelúcia a todos os tipos de porta-retrato, com fotos da pessoa na praia, segurando um copo de caipirinha. Não é uma atitude elegante poluir a estação de trabalho. Uma foto da família tudo bem, mas expor demais intimidades não é adequado”. Falando-se de comportamento no ambiente de trabalho acredito que o foco principal do e-mail deveria apontar atitudes corretas para a produtividade e a competência dos funcionários correto? Sendo assim, desde quando se mede a capacidade de alguém a partir dos enfeites que se tem na mesa de trabalho? Estariam as organizações tão preocupadas com a estética a ponto de elevá-la a condição de diferencial competitivo? Vale lembrar o exemplo da Microsoft – uma das empresas mais produtivas do mundo – lá não são avaliadas as vestimentas, bancadas de trabalho, cor de cabelo ou de sapato... Pelo contrário, a liberdade de expressão é estimulada e vista como aliada direta da criatividade. E, por conseguinte dos resultados, aliás, bons resultados da empresa. Não é a toa que Bill Gates é o maior visionário empresarial dos últimos tempos. Não precisa ser nenhum expert para perceber que ambientes de trabalho herméticos e sisudos só gera opressão, estagnação intelectual e descontentamento. Ao contrário de lugares abertos ao diálogo, simpático a cores alegres e aos objetos que lembram momentos felizes. Aliás certos objetos de decoração (símbolos) são grandes motivadores, pois vinculam o colaborador a sua essência além das fronteiras do trabalho. É à força da simbologia afetiva, no qual muitas vezes, aquela simples foto na bancada é um elo de ligação presente, ali às vistas. O consentimento dos empregadores para permanência desses símbolos afetivos fortifica os laços de cooperação, e contribui com a idéia de integração empresa-colaborador, do fazer parte e de que se é importante para empresa. Contudo não esquecemos aqui do bom senso e da razoabilidade do comportamento no ambiente de trabalho tudo na medida certa sem se deixar cair nas armadilhas de códigos opressores de ética e agora também de estética.
Pedro Manoel

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Violência familiar X Projeto de Lei da Palmada


"Prefiro eu bater no meu filho do que a polícia”
Frase de autor um pouco conhecido


Violência não é solução para nada, pelo contrário, é um agravante. E obviamente que “violência só gera mais violência” isso se aplica em qualquer esfera social, inclusive a familiar. Sendo a família a base de toda sociedade lá é onde primeiro se aprende os princípios de civilização e da boa convivência com o semelhante certo? Isso não se discute. Inversamente dicotômica é também na família, que muitas vezes, se tem o primeiro contato com a violência. Em muitos casos, se inicia presenciando desde pequenas desavenças com os pais culminando até em cenas de espancamento, sem falar dos chamados “corretivos”. Quem já não ouviu algum relato de alguém que apanhou tanto dos pais que ficou com o aspecto deformado e cheio de escoriações. As estatísticas no Brasil sobre violência doméstica não são lá muitos representativas, pois as vítimas com medo de represálias não às denunciam. Sem contar que a impunidade favorece o delito e que o agressor mora na mesma casa! Buscando um pouco de dados históricos, no Brasil colonial os pais tinham total poder sobre a vida dos filhos. E até 1940 nas escolas brasileiras eram usadas às palmatórias – extrema dor física - como instrumento de educação. Sem falar dos castigos físicos e vexatórios representados pelo chapéu de burro e o grão de milho no canto da parede. Todas essas medidas amparadas e protegidas pelo poder do Estado. Está aí mais uma dicotomia: O Estado que controla a violência é o mesmo que detêm o poder da mesma. No dia 15 de julho de 2010 um projeto de lei foi enviado pelo governo ao Congresso que estabelece o direito da criança e do adolescente de serem educados sem palmadas e beliscões. A proposta do governo, que ainda vai ser discutida na Câmara e no Senado, proíbe palmada, beliscão e qualquer tipo de castigo físico que provoque dor em crianças e adolescentes. Consideramos violência todo e qualquer tipo de dor imposta a outrem inclusive as ditas correcionais. Vivemos um momento histórico de muitos apelos e muitas polêmicas, mas uma coisa é certa a discussão do Projeto já é um avanço social. Vale ressaltar que muitos países já aderiram a Lei da Palmada, a Suíça é um deles e aqui na América do Sul já temos um representante, o Uruguai. Combater a violência desde o início deve ser encarado não apenas no particular dos lares, mas como necessidade social urgente. Afinal quem justifica violência como educação muitas vezes mascara um descontrole emocional incontrolável. E quem alega que o diálogo não resolve casos de rebeldia é porque não “dispõem” de muita vontade para educar. Violência não é solução para educação!
Pedro Manoel

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Apedrejamento de mulheres no Irã?! Questão de direitos humanos



Desde sempre o tema Direitos Humanos me chamou atenção. E de tanto despertar a curiosidade, anos atrás, resolvi fazer um curso para me inteirar sobre o assunto. Pois até então havia uma “mistificação” de que os Direitos Humanos “era feito exclusivamente para proteger bandidos”. Felizmente o mais importante do curso foi alcançado, pois conheci os reais conceitos de Direitos Humanos e os levei para a vida, no que ampliou minha visão de mundo e descortinou direitos até então desconhecidos. E sobre esses direitos - “os humanos” - há o que considero o mais importante deles: O direito á vida! Direito que todo homem e mulher têm não apenas a vida (simples existência), mas a uma vida digna do ser considerado humano. Esse conceito está fundamentado no artigo I da Declaração Universal dos Direitos Humanos que defende que “Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotadas de razão e consciência e devem agir em relação umas às outras com espírito de fraternidade”. E, portanto tais princípios deveriam ser adotados como lei universal de preservação da espécie humana independente de cultura, política, raça e credo. Contrariando a todos esses ideais o Brasil e o Irã ocuparam essa semana um debate de alcance mundial. Trata-se do caso de Sakineh Ashtiani, de 43 anos mais uma mulher condenada à morte no Irã, por apedrejamento. A alegação para a morte é que ela teria cometido adultério, delito grave punido com a pena de morte. Diante dos fatos o presidente Lula ofereceu asilo político à mulher. E como já era de se esperar o Irã rejeitou o pedido dizendo “que o presidente Lula é uma pessoa emotiva e desinformada sobre o caso”. Lamentavelmente o Irã não é o único país a se posicionar dessa forma. É mais um representante de uma gama de países que mascaram suas barbáries com vernizes culturais e religiosos arraigados há séculos. Caberiam aqui as questões, até que ponto a cultura de um povo se sobrepõem ao direito à vida? Qual o real posicionamento/função da ONU perante as questões humanitárias? Enquanto aguardamos as respostas, vai ai uma sugestão: Todos os líderes mundiais deveriam ser submetidos a freqüentes cursos de ética, cidadania, relações internacionais, direitos humanos... Ah! Poderiam também ver uma execução por apedrejamento no Irã, Afeganistão, Paquistão ou até mesmo uma pesquisa no Google.

Pedro Manoel

terça-feira, 25 de maio de 2010

Conviver: questão de sobrevivência?


Desde os tempos das cavernas que os homens tiveram de se agrupar para sobreviver aos ataques dos predadores. Desde aí não temos mais escolhas, temos que viver em sociedade. Segundo o filósofo espanhol Fernando Savater “Ninguém chega a se tornar humano se está sozinho. Nós nos fazemos humanos uns aos outros” e o filósofo complementa o pensamento mais adiante “Não seríamos o que somos sem os outros, mas custa-nos SER COM os outros”, grifo nosso. Há quem diga que viver é uma arte. Digo: Conviver é uma sabedoria. E como todos sabemos só se adquire a sabedoria da boa convivência com elementos mínimos de comportamento tais como: tolerância e respeito. Esses dois elementos já se definem por si só. O grande desafio humano atual é a possibilidade de se relacionar com as diferenças. E haja diferenças em todos os segmentos. Especialmente no ambiente de trabalho que é um campo fértil de diferenças humanas. Por outro lado, há uma grande semelhança dos profissionais, e acredito até ser a única: realizar um bom trabalho. Para isso é preciso que todas as diferenças sejam diluídas e concentradas na semelhança. Isso é o que se espera de bons profissionais. No entanto, os conflitos fazem parte. E aí surge o desafio da superação dos conflitos no qual é preciso estabelecer limites para as liberdades pessoais de expressar sua opinião com o cuidado de não ferir ou ultrapassar a liberdade do outro. Vale a pena tentar se colocar no lugar do próximo “Mas não caia na armadilha de se colocar no lugar do outro apenas com os seus próprios óculos. Tente enxergar como o outro olhando como se fosse ele também” Afinal antes de profissionais somos humanos e desta forma, precisamos do outro para sobrevivermos.
Pedro Manoel

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Pensamentos, palavras, omissões e internet... Minha culpa! Minha máxima culpa!

Escrever não é uma tarefa das mais fáceis. Digo: escrever com conteúdo, com coerência e verdadeiramente com algo a dizer! Com a internet e a explosão dos blogs, sites de relacionamentos e o Twitter qualquer um pode escrever o que quiser. Do ponto de vista da liberdade de expressão, isso é maravilhoso e viva a democracia. Isso é inquestionável! Faço aqui uma reflexão a respeito da história da humanidade e seus escritos – que me permitam os historiadores de plantão – trata-se apenas de uma inquietação recorrente. Pois bem, daqui a um tempo se analisarmos os registros escritos dessa época o que teremos para contar para a posteridade? Se observarmos como exemplo o fenômeno do blog de uma ex-garota de programa que fala de suas peripécias sexuais ou os dos Twitters de certos artistas que servem como instrumento de promoção do seu principal produto: a imagem. Nada contra os “blogueiros e twiteiros”, questionamos apenas certos conteúdos informacionais oferecidos. Seguindo uma linha de um “raciocínio historiográfico” observamos que o homem adora dividir sua história em épocas e sendo assim, a internet não foge a regra dessas divisões. Desta forma, estamos vivendo a era da Web 2.0 na qual os usuários deixaram de ser apenas leitores da internet e passaram a ser produtores de informação. Digo mais uma vez: de todo tipo de informação! E haja notícias sem fundamento, fofocas gratuitas, depoimentos sexuais de celebridades, promoção de produtos sem utilidade e até pesquisas ditas científicas um tanto quanto duvidosas. Como toda época tem um começo, meio e fim e por sua vez, como há sempre os futurólogos de plantão, esses já prevêem o advento da Web 3.0, 4.0. 5.0... E que venham essas novas versões e venham com força! Só espero que numa dessas apareça uma Web feita por pessoas que tenham realmente algo a dizer e a informar. E tenho dito! Minha culpa! Minha máxima culpa!
Pedro Manoel

sábado, 27 de março de 2010

Por que gostamos de histórias, estórias, contos etc?


Era uma vez.... Naquele tempo... Certa feita... Tais frases, como mágica, despertam a curiosidade e prendem a atenção do espectador. Curiosamente essas sentenças ao serem declamadas sabe-se que logo virá uma história boa ou não isso não importa, o importante mesmo é o fascínio despertado. Ao contrário do que se pensa das histórias o que mais fascina não é o irreal - a fantasia - mas justamente o contrário, a semelhança com a realidade. Já é sabido de antemão que nos contos de fadas os finais felizes são garantidos, certo? Mas até chegar o final do enredo os protagonistas passam por agruras e intempéries frutos da ação dos oponentes. Há um caminho no qual se trava uma verdadeira batalha entre o bem e o mal, mas o “The end” é sempre feliz. Esse “formato” de história vai desde a literatura infantil passa pelos Best selleres, chega aos clássicos da literatura universal, alcança o teatro, a televisão e o cinema. E de tanto êxito já se perpetua por séculos. E o segredo do sucesso está justamente na certeza de que no final da história vai dar tudo certo. Trazendo os contos para a realidade (cotidiano) destaca-se o papel dos finais felizes, quão importantes são! Todos os dias às 20h e 30 min. milhões de espectadores se debruçam em frente da televisão para torcer pelos mocinhos das novelas e vibrarem com as derrotas dos vilões! Ver, ouvir e ler finais felizes funciona como uma espécie de alavanca motivadora para esperanças reais e o fortalecimento da crença do triunfo do bem e da justiça. É como se fosse uma declaração pessoal intrínseca: “ Se a Helena (da novela) venceu eu também posso!” Podemos desta forma entender o sucesso de bilheteria mundial do filme Avatar que tirando os efeitos especiais surpreendentes, a história é bastante medíocre. Trata-se de um enredo com apelos ecológicos ingênuos, seres surreais, amores impossíveis, vilões implacáveis e claro: finais felizes! Apesar de tudo isso é um sucesso. É fascinante participar das vitórias, mesmo que seja na fantasia, ajuda a acreditar que também somos capazes de sonhar, de desejar e lutar pelos sonhos, mesmo correndo o risco de ser piegas. Era uma vez...
Pedro Manoel

quarta-feira, 3 de março de 2010

And the Oscar goes to... : a arte imita a vida ?


Dia sete de março teremos mais uma edição do Oscar 2010, a premiação norte americana para os melhores do cinema. Diante das incessantes chamadas televisivas sobre o evento me peguei divagando sobre os melhores filmes que assisti em 2009. E um deles especialmente me chamou atenção: O Leitor, o qual foi indicado ao prêmio em cinco categorias, levando o Oscar de melhor atriz. Não vou aqui falar do enredo - não cometerei essa gafe - quero registrar apenas que desse filme pode-se tirar grandes lições. O Leitor apresenta uma história com temas paralelos relacionados e igualmente ricos em experiências humanas. Um dos temas trata do julgamento de agentes alemães acusadas pela morte de dezenas de mulheres judias confinadas numa igreja católica na Europa em plena Segunda Guerra Mundial. A batalha no tribunal gira em torno da questão de quem é a culpa pelos crimes se, dos executores (agentes) ou do mandante (tenentes, capitães, generais etc)? O filme é envolvente e prende a atenção ao mesmo tempo em que faz o espectador refletir sobre as condições humanas de discernimento diante da execução de uma ordem. Aproveitando o tema, sem nos distanciarmos da realidade, nos valendo do paradigma realidade/fantasia e trazendo a discussão para o ambiente organizacional trabalhista o drama vivido pelas agentes alemães, em O Leitor, é similar - dada as devidas proporções - a atual realidade de inúmeros trabalhadores no Brasil. Nas empresas o funcionário é “direcionado” a executar as ordens dos chefes bem como, assumir as conseqüências trazidas pelas mesmas. Desta forma, cabe ao funcionário a total responsabilidade da execução e o ônus do prejuízo caso algo dê errado. Sem falar de ter que lidar com o assédio moral do chefe e do constrangimento recebido pelos subordinados, tudo isso em favor da manutenção do emprego e da “qualidade de vida no trabalho”. Vale ressaltar como agravante para quem se nega à execução de ordens as opções não são as mais convidativas, sabe-se que o descumprimento é considerado falta gravíssima passível de demissão justificada. Enfim... A arte imita a vida, mas raramente a vida imita a arte e infelizmente finais felizes não são os que mais ensinam. Bravo para o filme O Leitor para ele vai todos os prêmios!
Pedro Manoel

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Aves migratórias

Nas despedidas as palavras são as menos necessárias. Na verdade, não há palavras apropriadas na partida, basta um olhar, um aperto de mão, um abraço. Quem se despede procura um consolo, um afago que compense o vazio que certamente ficará e de antemão se sabe que frases do tipo: a gente se liga, a gente se encontra por ai, não vai mudar muita coisa... São pró-formas para esconder a dor. Está claro que nada vai ser como antes, mesmo assim insistimos em acreditar que não. Mas o que fica com as despedidas? O que o outro efetivamente nos deixa? Qual é a lembrança? Resposta: o exemplo. Isso mesmo é exatamente o exemplo que fica e que conta. Nas empresas não é diferente cada membro é um exemplo. E quando um funcionário se desliga a lembrança primeira é o exemplo deixado construído dia após dia. Vale ressaltar que exemplo não tem nada haver com imagem. O primeiro é o concreto, real e sem artifícios, já a imagem é aquilo que se quer passar, não necessariamente a verdade. Às vezes os maiores exemplos infelizmente são deixados apenas nas despedidas, fortes mensagens de acreditar nos sonhos e lutar pela liberdade deixando em segundo plano as questões financeiras e de status. Quão bom lembrar das aves migratórias, frágeis na estrutura e fortes na esperança da liberdade. Conheço uma ave chamada Andréa que deixou vários exemplos e que agora voou.
Pedro Manoel

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Que venha 2010!


Ano novo vida nova, certo? Bem, é o que se espera com a chegada de mais um ano. E esperar rima com esperança que quer dizer "expectativa de um bem que se deseja". Por outro lado pensar no futuro inevitavelmente faz lembrar de “pequenas” promessas pessoais arquivadas no passado que teimam em aparecer por essas épocas. E haja promessas... Seriam elas talvez: perde uns quilinhos (ou muitos quilos), continuar aquele curso de línguas parado, visitar uns parentes que não se vê há anos, dar aquela geral no guarda roupa e no visual... E por ai vai. Chavões a parte, futuro tem tudo a ver com passado. E aí não tem jeito, para melhorar a vida lá na frente – no amanhã - tem-se que fazer o melhor agora. E tem mais, apenas desejar que tudo melhore como um passe de mágica assim do dia para noite não tem jeito, só milagre! Mesmo assim, os milagres acontecem e só acontecem para os merecedores. Desta forma, para começar bem o ano deve-se suar mais do que pedir, agir mais do que pensar e continuar acreditando sempre na esperança e no bem que se deseja. Que venha 2010.
Grande abraço
Pedro Manoel