quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Leitura e descobertas

Era para ser um dia comum, como todos os outros, naquela escola primária do interior nordestino. O que não sabíamos é que um gesto de uma professora dedicada iria mudar a vida de todos aqueles alunos para sempre...

Pouco antes da hora do recreio a professora anunciara que havia chegado à escola uma caixa de livros. Os alunos ficaram surpresos. Ela continuou dizendo que as obras faziam parte de um projeto de biblioteca itinerante.

- O que é itinerante professora? Perguntou um colega no final da sala.
- Itinerante é aquilo que sai por aí de um lugar para outro, que viaja. Respondeu a professora sem muita explicação, mas com certo suspense. E continuou dizendo, quem se interessar pode de ir à biblioteca. Trimmmmm! Toca a sirene do recreio. E como de costume todos saem correndo.

No pátio da escola não se falava de outra coisa.
- Esse negócio de itinerante! Não entendi nada. Onde já se viu tá levando livro de um lado pra outro. Dizia um menino todo “amuado”.
- Tô vendo tudo, essa coisa de livro é mais trabalho. Já não chega um tanto de tarefa de casa.
- Eu é que não vou nessa tal de biblioteca itinerante!
- Nem eu!
A conversa corria frouxa...

Trimmmm! Era a sirene de novo. Acaba o recreio. Demora um tempo e a professora entra na sala de aula com uma caixa toda colorida. E pergunta:

- Alguém foi à biblioteca? Silêncio total. Esperei por vocês, mas ninguém apareceu. Bem, como nenhum de vocês foi até lá, a biblioteca veio até vocês. Afinal de contas, itinerante é para isso!

Lembro que todos arregalaram os olhos ao verem a professora tirar um livro dentro da caixa. Parecia um mágico que tira um coelho da cartola. Não se ouvia uma só palavra. Ela mostrou um livro de capa branca com um imenso arco-íris e logo abaixo escrito: Flicts (do Ziraldo). Recordo como hoje. Magicamente folheou as páginas e cheirou como se fosse uma flor rara. Perguntou a turma sobre as cores da obra. Esperou a resposta com a mão no ouvido em forma de concha. Em seguida engoliu a própria saliva com prazer e sorriu. E sem perder tempo começou a ler de forma teatral, com entonações, caras e bocas que nos hipnotizava. Ficamos fascinados com aquele objeto mágico! E naquele dia fomos fisgados pelo prazer da leitura. Só hoje entendo que ela queria demonstrar que ao ler um livro nós usamos os cinco sentidos. Uma mestra!

Esse ritual de encantamento da leitura continuou nas próximas sextas-feiras do semestre. Esperávamos ansiosos pelo o dia dos contos na sala de aula. Cada história nos transportava para mundos de aventuras. Ao passo que crescia nosso interesse pelos contos. Até que certo dia a professora informou o fim da leitura em sala de aula. Ficamos perplexos.

- Por que não vamos mais ter as leituras professora?
- Agora vocês já estão prontos para caminharem sozinhos. Já tá em tempo de irem a biblioteca e escolherem seus próprios livros. Vão, andem pela sala sem compromisso, como se estivessem andando na feira vendo as frutas e os bichos. Se tiverem vontade, pegue um livro, abra, vejam as figuras. Sem medo.

Entrei na biblioteca e meus olhos varreram tudo. Era uma sala bem pequena, tinha três mesas de quatro cadeiras e quatro estantes cheias de livros. Cada prateleira das estantes tinha a indicação de uma área do conhecimento. Lembrei-me das palavras da professora e segui à risca. Andei de um lado para outro e parei na estante que estava escrito literatura. Procurei pelo o Flicts. Achei. Estava ofegante. Li e reli aquele livro várias vezes. Nunca mais parei de ler.

Obrigado professora.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Universidade X mercado de trabalho: uma questão de currículo?


Saber que o currículo é o espelho das atividades de um indivíduo durante sua existência é um fato considerável. O que ocorre é que esse personagem não é necessariamente o melhor padrão para medir competências. Em se falando de padrão, um currículo profissional brilhante, muitas vezes pode ser irrelevante ou até medíocre para os padrões acadêmicos. Nesses casos o inverso também ocorre na mesma proporção.

No mercado de trabalho considera-se a experiência profissional um ponto decisivo para se medir as habilidades. Para algumas empresas quanto mais empregos um candidato já teve, entende-se que mais experiência adquiriu. Para outras companhias o tempo de serviço conta pontos positivos. Permanecer anos a fio na mesma empresa denota compromisso e confiança do empregador. Tais aspectos refletem num currículo profissional como pontos fortes para uma possível avaliação do mercado.

Já no meio acadêmico a experiência profissional e o tempo de serviço parece não contar tanto assim. O que interessa mesmo é a produção científica. Na academia se é identificado pelo Currículo Lattes. Aqueles indivíduos com baixa produção científica não são muito bem vistos. E as tradicionais saudações como alô, olá ou como vai você? São substituídos pelo “Como está a sua titulação hoje”? Exageros a parte. Resumindo, nas universidades a palavra de ordem é: publique ou desapareça!

Romper a barreira entre esses dois mundos não é uma questão simples. Os limites estão bem demarcados. Tal incômodo requer pelo menos duas questões. A primeira: como resolver a questão dos recém-formados que saem dos bancos das universidades e lutam por uma colocação no mercado de trabalho cada vez mais exigente por experiência profissional? E a segunda, como fica a situação dos profissionais - com baixos índices de publicação científica - que fazem o caminho inverso e tentam uma vaga nos programas de mestrado?

Ao que parece a universidade e o mercado de trabalho não interagem muito bem quando se trata de currículo. Cada um ao seu modo que queira resolver melhor seus objetivos e se esquecem do principal: os indivíduos nisso tudo. O desafio é quebrar o paradigma de que o currículo é um instrumento inquestionável de competências.

Pedro Manoel

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Redes sociais: uma janela indiscreta?


A bola da vez no mercado das tecnologias de informação são as redes sociais. Empresas como Microsoft, Facebook e Google disputam o domínio desse segmento. Mas o que essas empresas realmente querem das redes sociais? Simples: todas as informações pessoais dos seus seguidores!

Através das redes sociais é possível sim traçar perfis de consumo por faixa etária, gênero, escolaridade... E a partir de então, lançar produtos e serviços de acordo com cada grupo de consumidor. É um verdadeiro paraíso para os profissionais do Marketing. E mais, com a vantagem de todos os dados estarem bem ali na rede social mais próxima.

De olho nesse filão o Google lançou no final de junho deste ano, o Google Plus ou Google+ para os íntimos. Essa rede surge com todos os aplicativos disponíveis pela empresa, isto é o buscador, Gmail, Picasa... E mais o Hangout. Trata-se de um aplicativo, um chat coletivo em vídeo onde todos os usuários aparecem, só que quem fala aparece em destaque. O Google+ promete um visual mais limpo, descomplicado e interativo. Na verdade, a rede é bastante parecida com o Facebook.

As redes sociais se transformaram também numa ferramenta bastante útil para o recrutamento de pessoal. Segundo Daniela Macedo, da Revista Veja de 24/08/2011, “Uma pesquisa mundial feita pela empresa de recrutamento Robert Hall mostrou que muitos gestores olham o perfil dos seus candidatos nas redes como Facebook e Twitter. E a maioria deles diz que quando encontram algo que consideram de mau gosto, isso pode prejudicar a avaliação de um profissional com um bom currículo”.

Caberia a comparação: “Mostre o seu “perfil” - nas redes sociais - e eu te direi quem és!”? Entende-se então, que os currículos não são mais suficientes para avaliar as competências de um candidato. E que as fotos e as declarações postadas nas redes revelam mais do que momentos de descontração. Podem ser até prejudiciais em muitos casos.

Será que a idéia de ser popular e de ter um milhão de amigos precisa ser revista? Ou estamos negligenciando os conceitos básicos da discrição nas redes sociais? Ou ainda, até que ponto a vida privada interfere na qualificação profissional? Bem, bom senso é fundamental dentro e fora das redes sociais.
Pedro Manoel

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Telenovela: diverte ou aliena?

O país vive a expectativa de mais um final da telenovela da 20h30 min. Essa frase dita em qualquer parte do mundo não faria muito sentido. Só que estamos falando de Brasil. Aqui, novela é coisa séria! Assim como futebol, samba e caipirinha a telenovela é um dos símbolos que nos identifica.

Este ano a telenovela brasileira completa 60 anos de existência, vigor e sucesso. Muito criticada por intelectuais e aclamada pelo povo, essa sexagenária vive a eterna dualidade do bem e do mal, da cultura erudita X cultura popular, da diversão X alienação... Contrariando as regras da boa redação não expressaremos nossa posição a respeito. Faremos as vezes do “advogado do diabo” e defenderemos esse gênero televisivo sob duas polaridades: diversão e alienação.

Desprezar a telenovela como diversão seria uma grande tolice. Quase todo mundo assiste esse tipo de programa no Brasil. E há opções e horários para todos. Na principal rede de TV brasileira elas são exibidas às 14h (como reprise), às 18h, 19h, 20h30 min. (horário nobre) e agora às 23h! E ainda no canal pago dessa mesma rede há novas reapresentações. Seguindo a lei de mercado: só há oferta devido a grande procura. Hipocrisias intelectuais à parte, nada mais relaxante (e divertido) do que chegar em casa, tirar o sapato, se jogar no sofá, ligar a TV e claro, assistir a uma “boa” novela !

Porém a diversão vira um problema quando se perde o limite. E a palavra de ordem, nesses casos, é moderação. Como diria o sábio Pitágoras “os extremos devem ser evitados”. Sendo assim, o que se pode esperar de quem só assiste novelas? Certamente uma visão alienada dos fatos, acredita-se. Enquanto o país praticamente pára acompanhando a reta final da novela das 20h30min a Inglaterra e o Brasil vivem casos de assassinatos com reações distintas. No primeiro, um civil negro foi assassinado por “engano” por policiais. A reação da população foi de revolta e destruição. No Rio de Janeiro uma juíza foi brutalmente assassinada por condenar policiais corruptos. Até agora não há nenhuma reação da população.

Enfim... Enquanto isso o país se “mobiliza” na frente das TVs ansioso pelas novelas. Será essa a identidade do Brasil?
Pedro Manoel

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Livros como refrigerantes!

Viajar possibilita, dentre outras coisas, boas descobertas. A oportunidade de estar em outro ambiente torna a mente e o olhar mais sensíveis para captar novas informações. Pois bem... Estava esperando o metrô na cidade de São Paulo e me deparo com uma máquina bem diferente...

Surpreso, me aproximei e reparei que se tratava de uma máquina de aproximadamente 2 m² igual aquelas de refrigerantes. Só que ao invés desses havia livros! E para quem se interessar, basta escolher um título, colocar o dinheiro e retirar a obra. Fantástico! Livros como refrigerantes!

As máquinas vendem livros a preços populares que custam entre R$ 2 a R$ 15. Os títulos são bem variados e bastante conhecidos. Percebi que a oferta não se resume apenas aos clássicos da literatura brasileira. Mas também, a outras áreas do conhecimento, inclusive livros de informática, administração, piadas...

Estrategicamente localizadas na estação de embarque, as “vending machines”, são também uma excelente vitrine de incentivo à leitura. Todos os dias milhares de pessoas usam o metrô paulistano. E invariavelmente se deparam com os apelos comercias e - de quebra - culturais das máquinas.

De volta pra casa, descobri que as máquinas já existem desde 2003 e já venderam mais de um milhão de livros! E ainda, que o inventor é um brasileiro. Quanta visão, vender livros como refrigerantes. Espero que essa novidade (oito anos) chegue em outras cidades desse país.
Pedro Manoel

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Curitiba: desenvolvimento urbano e respeito ambiental

Já faz algum tempo que eu tinha curiosidade de conhecer a cidade de Curitiba. Todos que lá estiveram me disseram coisas boas daquela terra. Os aspectos mais citados eram a limpeza e a consciência ambiental dos habitantes. Com as férias de julho, enfim, chegou a oportunidade. E como canta a banda O Rappa “... Valeu a pena, eh eh”! (bis)

O primeiro impacto ao chegar à cidade foi o frio. Imagine um nordestino enfrentar uma temperatura de cinco graus! É no mínimo um desafio. Passados os primeiros momentos de desconforto, o jeito foi se acostumar. E aos poucos a cidade foi se revelando... Pude constatar o quanto a limpeza e a questão ambiental são respeitadas.

Nas ruas de Curitiba não se vê lixo no chão. Mesmo sendo uma cidade turística, as pessoas têm o hábito de jogar o lixo no lixo. Mas essa “façanha” não foi conseguida por acaso. Há trinta anos uma campanha popular em prol da cidade exigiu do poder público maior eficiência na coleta do lixo. Surgiu então a primeira coleta seletiva de resíduos no Brasil. Além disso, os moradores passaram a fiscalizar também quem sujava a cidade. E a cobrar posturas mais educadas dos cidadãos. Hoje, Curitiba é uma das cidades mais limpas do país.

Impressiona as praças e ruas da cidade. Há flores cultivadas por toda parte. Em pleno centro comercial vi um canteiro cheio de amor-perfeito. Parecia um jardim particular de tão bem cuidado. É um brinde aos olhos ver toda aquela gente respeitando o bem público. Quanta lição de cidadania e educação!

O lazer público é garantido nos parques da cidade. Dos diversos existentes, destaco dois: o Jardim Botânico e a Universidade Livre do Meio Ambiente - Unilivre. O primeiro foi inspirado nos moldes dos jardins europeus. Lá, tive a oportunidade de ver as cerejeiras em flor, um espetáculo destinado ao clima frio. Já a Unilivre é um local para estudos ambientais totalmente integrado com a natureza dentro da cidade. Aproveitaram-se as instalações de uma antiga pedreira localizada num trecho de floresta em plena Curitiba. O impacto visual do lago com carpas é inesquecível. Sem falar da beleza da Araucária, árvore símbolo do Paraná, catalogada com aproximadamente mil anos! Descobri que essa arvore é considerada um fóssil vivo.

Até conhecer Curitiba acreditava ser impossível combinar na prática, desenvolvimento urbano e respeito ambiental. Felizmente sei que isso é possível sim. A cidade ensina para o mundo que vontade política, trabalho e educação fazem a diferença na sustentabilidade ambiental. Curitiba, valeu a pena!!!
Pedro Manoel

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Questão de justiça: o caso do universitário, filho da catadora de lixo!

“Universitário assassinado brutalmente!” Essa frase isolada (sem especificação de localidade) cabe em qualquer noticiário no Brasil. Todos os anos vários estudantes são vítimas fatais da violência no país. Quantos aos criminosos? Poucos são de fato punidos. Muitos deles são amparados por um sistema judiciário caduco, lento e ineficiente.

O assassinato do estudante de biomedicina da Universidade Federal de Pernambuco particularmente nos tocou. Negro, pobre, filho de uma catadora de lixo e estudante da rede estadual de ensino de Pernambuco. Ingredientes suficientes para uma vida difícil. Mas a pobreza e a exclusão social não foram empecilhos para o estudante alcançar o primeiro lugar no vestibular da UFPE dentre os alunos da rede pública de ensino. Um mérito alcançado por muito esforço.

Empecilho mesmo na vida do jovem foi à violência que tudo destrói. E que de alguma maneira atinge a todos. Seja como sujeito ativo ou passivo de suas conseqüências. O corajoso rapaz disse não ao convite da violência quando enfrentou todas as exclusões de uma vida pobre. Decidiu estudar ao invés de sucumbir as pseudofacilidades oferecidas pelo crime. Mais tarde, sem convite prévio a violência ceifou sua vida. Ironia do destino ou falência de um Estado omisso e criador do vigente sistema judiciário?

O que se sabe é que para conseguir de fato justiça no Brasil é preciso passar por pelo menos três desafios. O primeiro é fazer com que a polícia encontre o criminoso. O segundo é conseguir que o culpado vá a julgamento. E o terceiro é que de fato se cumpra a sentença integral. Dependendo de quem seja o réu e de sua disponibilidade financeira os prazos para localizar, julgar e sentenciar são tão dilatados que cai no esquecimento. E se mesmo assim os desafios forem vencidos. Se o criminoso tiver bom comportamento ou participar de algum programa de trabalho penitenciário a pena do infrator será reduzida consideravelmente. Quanta justiça, não é mesmo?

Quanto à família da vítima? Bem... No dia 14/06 conseguiu com a ajuda da imprensa e a pressão da opinião pública a condenação de um dos acusados. Resta agora cultuar uma saudade do que seria o futuro biomédico. O primeiro filho de uma família de catadores de lixo com título de doutor. Aquele que seria a promessa de uma vida melhor para a família. O salvador. Nesses casos não se sabe o que é pior: se sentir a falta do que se foi ou do que seria. Saudade é tudo igual, é tudo dor.
Pedro Manoel

quinta-feira, 9 de junho de 2011

De click em click a mensagem se torna o “fato”: marketing viral

A propaganda é a alma do negócio. Essa é mais velha do que... As estradas, como diria minha avó. Apesar da idade, a máxima continua atual com linguagem e roupagem novas. Surge então, o marketing ou a publicidade viral.

De carona no sucesso das redes sociais eletrônicas o marketing lançou suas estratégias. Em outras palavras, aplicou a boa e velha propaganda boca-a-boca na Internet. Bingo! Resultado: propagandas rápidas, econômicas, direcionadas e contagiantes como um vírus. A idéia é que cada consumidor passe adiante – nas redes sociais - as informações de marcas e produtos e assim os tornem populares. O nome viral é bastante pertinente.

Esse tipo de marketing já é usado estrategicamente por grandes empresas de publicidade. “Cases” de sucesso embalados por fatos espontâneos e de grande apelo popular. Tudo é válido em se tratando da publicidade viral! Como o exemplo atual de uma operadora de celular que aproveitou simultaneamente a campanha para o dia dos namorados e o lançamento do filme Eduardo e Mônica, homônimo da música da Legião Urbana, para vender seus produtos. O clipe se tornou febre na Internet em menos de 24 horas. A oportunidade é o limite!

Muitos casos de sucesso surgiram totalmente espontâneos e despretensiosos. Esses acontecem com mais freqüência com os vídeos postados no YouTube. Os chamados vídeos virais. Quem se lembra da estudante universitária humilhada pelos colegas que virou celebridade de reality show? Do sucesso da dançarina Lacraia, da música do Créu e agora da Banda Mais Bonita da Cidade? Verdadeiros fenômenos virais eleitos espontaneamente.

Em tempos de celebridades intempestivas o grande desafio é descobrir a fórmula de sucesso do marketing viral. O mapa da mina. Até já existem algumas hipóteses. Mas de concreto mesmo o que se sabe é que todo mundo gosta de uma novidade. Resta saber o que é que estimula a propagação de uma informação de forma tão contagiante como um vírus. Quem se habilita a responder?
Grande abraço,
Pedro Manoel

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Liga dos Campeões: exemplo de administração de pessoal

A Liga dos Campeões da UEFA é o campeonato de futebol mais disputado e rico do mundo. O nome faz jus ao torneio. Esse ano disputaram a final do campeonato dois importantes clubes europeus: Manchester United da Inglaterra e o Barcelona da Espanha. Bem, mas o que eles tem a ensinar sobre administração de pessoal? Tudo. Afinal de contas são campeões.

Contratar os melhores jogadores do mundo! Essa foi à estratégia do Manchester United. Dinheiro não era problema. O importante era formar um grupo com os melhores talentos disponíveis no mercado. E assim, foi concebido o time de 2011. O desafio era tornar esse time estelar em equipe. Somar cada talento individual num todo de sucesso.

Já o Barcelona usou uma estratégia oposta. Ao invés de buscar talentos fora do clube valorizou os atletas já existentes. A chamada “prata da casa”. O dinheiro que seria investido em novas contratações foi revertido na capacitação dos jogadores. Possibilitando a criação de treinamentos de ponta para condicionamento físico. Implantação de melhores instalações e acomodações para os jogadores. Sem falar de considerável melhoria da remuneração dos atletas. Resultado: equipe coesa, de alto-estima elevada e motivada por resultados.

O Manchester e o Barcelona deram mais que emoção e prazer para seus torcedores. Mostraram ao mundo que o capital humano é o mais importante na empresa. Na verdade é decisivo. Tanto no esporte como nas corporações vence quem investe em pessoal. No entanto, para cobrar resultados e alcançar o sucesso é preciso motivar a equipe e oferecer condições de trabalho. Remuneração é importante, mas valorização do profissional é primordial.

Segundo Karla Mamona, da InfoMoney “a falta de motivação, a insatisfação com os líderes e com a remuneração e a oportunidade de trabalhar com novas propostas são apontadas como os principais motivos para um profissional mudar de emprego”. O Barcelona certamente ciente desses fatores de risco, logo tratou de afasta-los do grupo. E foi além, “ofereceu” a idéia da força conjunta da equipe. Em que cada jogador era igualmente importante, isto é, um elo da liga! E ainda se o clube vencesse o torneio, todos seriam campeões. Deu certo. Ouro para a prata da casa, a brava Liga dos Campeões de 2011: O Barcelona!
Pedro Manoel


Referências:
MAMONA, Karla Santana. Saiba quais são os principais motivos para executivos mudarem de emprego. Administradores.com Disponível em: < http://www.administradores.com.br/informe-se/carreira-e-rh/saiba-quais-sao-os-principais-motivos-para-executivos-mudarem-de-emprego/36942/>. Acesso em: 29 maio 2011

sexta-feira, 27 de maio de 2011

TOLERÂNCIA X intolerância

Intolerância é a palavra da vez. O insight motivador desse post foi uma matéria publicada no dia 21/05/2011 no caderno infantil de um jornal de Recife. A seção do jornal é intitulada, Papo Sério. E o título da matéria era: A palavra é... Intolerância. De imediato me chamou a atenção um jornal passar esses conceitos às crianças. Pois, a intolerância é de fato um papo sério e deve ser combatida desde cedo.

A crítica ao artigo deve-se ao fato que o autor destacou tudo aquilo que não se deve fazer, isto é, ser intolerante! A mensagem educacional, essa naufragou. Os pontos negativos do tema foram reforçados em detrimento ao esclarecimento e ao aprendizado da tolerância.

O artigo reflete uma questão educacional. A educação pautada no uso do NÃO. Aprendemos mais o não fazer do que o fazer a coisa certa. Esses conceitos saem das casas, chegam às escolas e fatalmente alcançam os meios de comunicação. E assim, se retro-alimenta o “ciclo do não”.

Observando as falas no cotidiano percebe-se facilmente o uso de termos negativos. Muito me irrita quando alguém pergunta: Você não teria uma caneta pra me emprestar? Ao invés de simplesmente pedir uma caneta emprestada. A dificuldade de se desvencilhar dos “nãos” é um caso sério. Tem gente que prefere usar um termo antônimo para expressar uma opinião. Isso explicaria o por que se escolhe falar de intolerância quando o objetivo é que as pessoas passem a respeitar mais as diferenças. Imperialismo do não? Ou um simples caso de incoerência? Eis a questão.

O ato de tolerar o diferente é uma das tarefas mais difíceis. E ensinar conceitos como respeito e compaixão torna-se um desafio nos dias atuais. Priorizar conceitos positivos e diretos reforça uma educação sólida. Se quisermos a tolerância reforcemos seus conceitos e condenemos a intolerância.
Pedro Manoel

Referências
BENITES, Franco. A palavra é... Intolerância. Jornal do Commercio, Recife, 21 maio 2011. Galera JC, Papo Sério, p. 3

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Boi no estádio do Arruda: a saga do futebol pernambucano


A presença do boi no folclore de Pernambuco é sempre atual. Curiosamente surge no futebol também. Bicho e futebol têm tudo haver. E não é de hoje que o reino animal é a principal inspiração dos mascotes futebolísticos. Tem pra todos os gostos: leão, cobra, timbú, patativa...

E o boi, onde entra nessa história? Ah, o boi entra para pagar o pato! Tudo começou quando um certo pai-de-santo vai a mídia cobrar o sacrifício de um boi prometido por um certo time de Recife. Coincidentemente o tal time devedor, cujo mascote é um leão, ia mal das pernas no campeonato pernambucano. Nisso, o líder espiritual adverte que o motivo para as derrotas era o não pagamento da dívida: o boi. Mas, se fosse quitada reverteria o problema.

Os torcedores mais supersticiosos logo procuraram o pai-de-santo para resolverem a questão pendente com o além. Não se sabe como a questão foi tratada. A partir de então, o time do leão começou a ganhar as partidas. E a mídia noticiava a doação de bois, touros, búfalos... Verdade ou não, a auto-estima dos jogadores melhorou com os resultados ou vice-e-versa. Acreditar faz toda diferença. Fé é a palavra mais certa.

A estratégia do boi já foi utilizada nos idos de 1640 pelo Conde Maurício de Nassau aqui em Recife. O conde precisava quitar uma dívida com a coroa holandesa. Sem recursos suficientes decidiu cobrar pedágio a quem passasse pela maior ponte até então construída nas Américas. A ponte ligava o Recife Antigo a cidade Maurícia. O slogan utilizado na campanha foi: “Cruze a ponte e veja o boi voando”. Promessa feita e cumprida. Uma multidão viu um boi (de palha) voar por cima da ponte. O evento rendeu um bom dinheiro. E o boi salvou a pele do conde.

O duelo entre a equipe do leão e a da cobra coral no estádio do Arruda entraria para história. Estava em jogo a conquista do hexa-campeonato para o leão. Até agora, só conquistado pela equipe do timbu. A cobra coral precisava vencer. Há anos não conquistava um título e vinha de um rebaixamento da quarta divisão. E os mais de 62.000 pagantes que foram ao estádio esperavam mais que um boi voar.
Grande abraço
Pedro

sexta-feira, 13 de maio de 2011

(Des) Culpa

A culpa é sua! É dele, do tempo, do trânsito, da crise... Minha não! Não mesmo. Culpar é uma característica natural ou desvio de conduta? Em tempos de falência moral, lamúrias e reclamações, enfrentar a realidade e assumir as responsabilidades torna-se uma postura cada vez mais rara.

Certa feita, escutei que a diferença entre um adulto e uma criança era a capacidade de assumir seus atos. Aprendi a lição. Mais tarde descobri que o tema é antigo. O filósofo alemão, Imanuel Kant já se preocupava com essa questão. “Criador do iluminismo defendia a razão e o conhecimento como fatores de desenvolvimento do homem. Fatores esses que seriam a saída da condição de menoridade do homem. Isto é, da infantilidade de delegar suas opções e de responder por seus atos com responsabilidade”.

O conceito de culpa e de responsabilidade se confunde, porém não são iguais. A primeira é causa e a segunda é conseqüência. E ainda há a responsabilização da culpa. Nesse estágio, a criança passa a encarar suas ações e arcar com as conseqüências. Bem-vindos a maioridade! Resta saber como será de agora por diante. O fato é que não é tão simples assim assumir as próprias culpas. Encarar a realidade sem disfarces.

Vamos combinar: transferir a culpa é um comportamento comum. Trata-se do primeiro impulso. Quem nunca jogou a culpa do atraso no trânsito? Que atire a primeira pedra. Só que o “bicho pega” quando isso se torna natural. Isto é, corriqueiro e sem culpa (irônico, não?). Quando o culpado passa a ser sempre o outro. Nesse estágio, já se tornou um desvio moral. Entra em cena a “vítima profissional”, o coitadinho. Indivíduos com visão deturpada que acreditam que não tem opção e nem controle de sua própria vida. Que pena!

O que diria Kant de tudo isso então? Estamos regredindo e nos infantilizando? Ou falta-nos razão e conhecimento? Precisamos de nos “iluminar” mais? Desconfio que assumir as próprias culpas seria um bom começo.
Pedro Manoel



Referências
TONON, Rafael. Mea culpa. Vida simples. São Paulo, n.103, p. 18-25, mar. 2011

sexta-feira, 6 de maio de 2011

“Estouro” de Tapacurá: uma lenda urbana?

Chuvas mais boatos é igual a terror! Essa foi a fórmula de um dia de caos em Recife. Eu vivi. Parecia o Armagedom. No dia 05/05 pontualmente às 5h (tarde) a cidade foi tomada por uma notícia aterradora: o rompimento da barragem de Tapacurá!

Não se tratava da notícia do estouro de uma barragem qualquer. Mas sim de Ta-pa-cu-rá! Quem é recifense sabe. A barragem é enorme. Tem aproximadamente cem metros de paredão e é responsável pelo abastecimento de água da região metropolitana de Recife. È um patrimônio. Por vezes, foi vítima de boatos de seu rompimento.

Conhece aquela história do cômico da tragédia? Pois é. O tal boato já virou uma espécie de lenda urbana recifense. Faz parte. E a cada temporada das águas vem à tona. Nesse inverno, a combinação de altos níveis pluviométricos mais a criatividade dos palpiteiros ociosos gerou um forte clima de terror. Recife virou o “caos e a lama”! Chico Science é sempre atual.

Passado o susto, até que foi muito engraçado. No dia seguinte todo mundo procurava o autor do boato. Ninguém sabe, ninguém viu. E haja histórias de como se conseguiu chegar em casa. Teve gente que passou horas no trânsito. Uns em seus carros, outros no ônibus lotado. E outros preferiram ir pra casa a pé mesmo. Haja sola de sapato! Tem cada história...

Que boato miserável! Diria minha avó. Mas foi um boato com final feliz. Graças a Deus, Tapacurá está salva, firme e forte. E o rio Capibaribe continua o curso normal. Já pensou que ironia: o nosso "sagrado Nilo" trazendo Tsunamis ? Essa história eu não quero ver. Nem vocês.
Pedro Manoel

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Casamento real?

Cerca de dois bilhões de pessoas no mundo pararam para ver o casamento do príncipe William, do Reino Unido, com a plebéia Kate Middleton. Será que tanto interesse revela que o casamento continua mais atual do que nunca? Crescem as estatísticas a cada ano. Contrariando o discurso dos moderninhos que preferem apenas “ficar” e manter relações sem compromisso. Dicotomia ou rendição inconsciente às tradições?

Já vi muitos solteiros convictos, reavaliar os conceitos de modernidade e subirem ao altar de uma igreja. Questionados, as respostas são quase unânimes: encontrei a pessoa certa. Dizem os mais reservados. Os místicos declaram, achei minha alma gêmea. Já os brincalhões simplificam que encontraram a “tampa da panela”. Enfim... O casamento pode ser visto como o encontro de pessoas que foram feitas umas para outras. E ai de quem duvide!

Sendo assim, “ritualizar é preciso” diriam os psicólogos de plantão. O casamento nada mais é que um ritual de união. Curiosamente é celebrado em todas as culturas. No mundo ocidental o rito é celebrado com um forte pacto de união mútua. Apenas desfeito com o infortúnio de um dos cônjuges. Com o juramento se valida o compromisso público de serem felizes para sempre até que a morte os separe!

A idéia da felicidade reporta-se aos contos de fadas. Reproduzir o sonho torna-se um ideal. Os noivos viram príncipes e princesas. Os padrinhos membros da realeza. A decoração da igreja lembra bosques repletos de flores. Há carruagens com cavalos brancos, pajens e daminhas... Qualquer semelhança não é coincidência. Faz parte mesmo! Tudo isso justificado por um ritual herdado e cultivado por séculos de tradição.

Se o final do conto é feliz, isto é, até quando vai durar é outra história. O fato é que o número de casamentos só cresce. E tem gente por aí que se separa só pra casar de novo! O ritual se confunde com o cotidiano e muitas vezes o amor fica em segundo plano. E perdura-se até que a morte os separe. “Pero no mucho”.
Pedro Manoel

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Cristo: entre a lei e o fisco

Cassem o incrédulo! Diziam os doutores da Lei. Prendam o sonegador de impostos! Bradavam os romanos. Praticar um dos desses atos na Judéia já seria um crime. Os dois então: sentença de morte.

A Judéia, em plena dominação do império romano, sofria com a opressão e altas cobranças de impostos. Apesar disso, os judeus como povo religioso que era, seguia a risca as leis de Moisés. O “olho por olho e o dente por dente” era a lei mais incisiva delas. Quem não a observasse era considerado criminoso da fé.

Crime grave também era a sonegação de impostos. Os judeus tinham verdadeira aversão ao fisco. E Roma era implacável na cobrança. Afinal de contas era preciso manter os luxos do império em plena ascensão. Qualquer negativa ao pagamento era considerado inimigo de Roma e criminoso do estado.

Naquela época surge nas ruas de Jerusalém um jovem encantador que trazia boas novas ao povo oprimido. Seu nome era Jesus. Ele dizia que o reino de Deus está próximo. Nos sermões pregava: “perdoar aos inimigos” e “amar ao próximo como a si mesmo”. Curava os doentes do corpo e da alma. Restaurava a auto-estima do povo. E falava de justiça imparcial. As idéias de Jesus abalaram as estruturas dogmáticas da lei mosaica. E o império romano viu surgir o Rei (líder) do povo judeu. Capaz de levá-los a terra prometida (liberdade). Questionado, Jesus declara aos doutores do templo, “Não vim para destruir a lei...” e acrescentou “Meu reino não é desse mundo”. Para Roma bradou: “Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”. Em vão nada disso mais importava.

Jesus era uma ameaça ao poder. Era preciso conter a revolta do povo e manter a “paz” no império. Jesus foi sacrificado. Nunca esquecido. Sua mensagem de esperança, fé e liberdade perduram até hoje. Ave Cristo!
Pedro Manoel

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Nostalgia

Alguém já viu o conceito: nostalgia do que não viveu? Pois é, só faltava essa! A nova onda da juventude é resgatar objetos e utensílios ultrapassados. Aqueles discos de vinil e as máquinas polaroid são as estrelas do momento. Resta saber, qual o sentido de se usar um objeto analógico em detrimento do digital, mais moderno e com melhor desempenho.

De olho nessa demanda nostálgica o mercado de consumo está faturando. A indústria da moda, o cinema, as novelas estão a postos nesse filão. Os remakes são sucessos garantidos em tudo que um dia já fez sucesso. São os chamados “neo retrô”. Basta um ajuste aqui outro ali e pronto. Surge algo novo com cara de velho prontinho pra consumo.

Ser nostálgico não é algo negativo. Como tudo é preciso moderação. Complicado é quando há uma fixação pelo passado idealizado. Algo que impede viver o presente com todo o seu potencial. Os gregos antigos já diziam que nostalgia quer dizer “saudade de um lar que não mais existe ou nunca existiu”. Lembra daquelas velhas frases que dizem: “naqueles tempos as coisas eram melhores” ou “na minha época”... Puro saudosismo.

O curioso é que essa onda de nostalgia é vivida por pessoas que nem eram nascidas na época. Nostalgia do que não viveu? Outro dia fui a um baile de formatura que o repertório musical era todo dos anos 70, 80 e 90! Os formandos tinham no máximo 25 anos. E as pessoas daquela geração curtiam as músicas mais atuais.

Gosto mais de pensar que o melhor lugar e momento são o aqui e o agora. E até pra ser nostálgico é melhor. Dispomos da tecnologia para isso. Há o Youtube e as reedições em DVD’s de antigos filmes e shows. Sem falar de uma infinidade de artefatos de última geração. Quer saber? “Viver é melhor que sonhar...” Grande Elis Regina!
Pedro Manoel

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Beleza: caos e cosmos

“A beleza está nos olhos de quem à enxerga”. Será? Com tantos apelos comerciais os sentidos estão sobrecarregados. Eleger o belo torna-se uma tarefa duvidosa. Os critérios de escolha são sutilmente impostos e criam conceitos irreais.

Surgiram na Grécia Antiga os primeiros padrões de beleza. Os deuses do Olimpo eram os modelos ideais de perfeição. O belo era algo praticamente inalcançável. Estava disponível apenas para alguns semi-deuses. Daí nasce o termo beleza grega. Mais tarde, o conceito é imposto para outras culturas.

Para se tornar belo era preciso se aproximar ao máximo dos deuses. Esse era um empecilho. Foram criados os cosméticos como tentativa de aproximação do ideal. Produtos que possibilitavam correções de imperfeições com o objetivo de tornar a aparência mais simétrica. Era preciso corrigir o Caos (desordem e assimetria) do visual. E alcançar o Cosmos: o equilíbrio e simetria. Daí se origina o termo cosmético.

Ao longo do tempo a idéia de que os cosméticos emprestam a beleza dos deuses está mais forte do nunca. Basta lembrar um slogan de sabonete que dizia: “nove entre dez estrelas usam tal produto”. Tomar banho com tal sabonete induz a falaciosa idéia do pertencer ao estelar grupo de atores de Hollywood (deuses). Segundo Stendhal “A beleza é apenas a promessa da felicidade...” A indústria cosmética retorna aos gregos antigos com seus padrões e simulacros de felicidade.

Ser feliz é parecer com os deuses? Essa é a proposta básica da moda: semelhança. De tantos reflexos falta espaço paro o diferente. Vicia a visão e a reflexão dos costumes repetitivos. Perceber através do olhar que o assimétrico é palpável e possível. E por que não belo?
Pedro Manoel

quinta-feira, 31 de março de 2011

Redes sociais. Você já têm a sua?

Encontrar informação de qualidade na internet através das tradicionais ferramentas de busca não é mais suficiente, ou melhor, tão eficiente. O problema está na precisão dos resultados. Aquela crença de que os três primeiros itens encontrados eram os mais específicos ficou para trás. Agora, os primeiros resultados são destinados à publicidade paga aos buscadores! Acreditando que para todo problema há solução, surgem as redes sociais eletrônicas como alternativa de buscas inteligentes.

No começo as redes sociais era apenas um passatempo para encontrar pessoas na internet. Evoluíram e surgiram as comunidades de interesses em comum, e daí para as trocas e disseminação de informações foi uma passagem natural. No momento atual algumas redes alcançaram o status de filtro seletivo de informação.

A grande questão da internet não é apenas a existência de conteúdo de qualidade, mas como e onde as procurar. Nas redes sociais as buscas são diferentes, não se procura se “segue”. E as opções são múltiplas, há pelo menos uma, ou várias redes, para cada área de interesse. Nesse cenário se destacam aquelas mais ativas que disponibilizam e compartilham informações relevantes, inteligentes e principalmente credibilidade da autoria. Desconfiar e conferir os conteúdos são palavras de ordem. E isso todo mundo já sabe: na internet checar as informações é regra básica para qualquer navegador experiente ou não.

A idéia básica das redes é conectar os pares e que cada membro contribua de alguma forma para o grupo. Algumas delas são tão organizadas que atuam tanto na busca de informações como na filtragem das mesmas. A forma coletiva do debate e da análise das informações compartilhadas ajuda na triagem dos conteúdos eliminando fontes duvidosas.

Segundo Raquel Recuero, doutora em comunicação e informação e especialista em redes sociais, “a mediação do computador simplesmente conecta pessoas. O conteúdo que essas redes reproduzem e filtram tem conexão direta com os interesses dos indivíduos que as integram. Assim, as informações que circulam nas redes sociais dependem do grau de instrução e dos interesses dos indivíduos”. Entende-se que as redes são como uma espécie de espelho que reproduz hábitos cotidianos inclusive, de busca por informações.

Sendo assim, como a propaganda é a alma do negócio, o boca a boca eletrônico das redes sociais está revolucionando as novas formas de disseminação de informação. Cada pessoa segue a sua rede de acordo com o perfil, necessidade, cultura, inteligência... Isso mesmo! Há inteligência na internet, só que agora não basta apenas procurar, mas também seguir. Qual é sua rede social?
Pedro Manoel

sexta-feira, 25 de março de 2011

Carências, reality show, sociedade etc.

O tema carência foi um dos assuntos mais comentados da semana nas redes sociais. Isso se deveu a Maria, uma bela jovem e solteira participante do reality show BBB 11, que por vezes declarava abertamente suas carências. E “choveram” opiniões de todos os tipos. O tema envolveu desde os palpiteiros de plantão até os especialistas no assunto. Mas por que tanto burburinho? Seria demasiado chocante se declarar carente de um carinho?

Deixando a origem da discussão à parte, o tema carência afetiva é por si só, bastante oportuno. Pois não é todo dia que se fala tão amplamente do sentimento de carência. Entendo que isso seja talvez, um fator cultural bastante cruel no qual expor os sentimentos para muitos denota fraqueza e até idiotice. E se declarar despudoradamente carente seria para muitos uma espécie de atestado de incompetência, especialmente para quem está solteiro.

Segundo os padrões sociais ainda vigentes o sujeito que está sozinho por muito tempo não é visto com bons olhos. Deve está com algum tipo de problema. Isso explica aqueles tipos que mal terminam um relacionamento e imediatamente já entram noutro. Mostrar que se está com alguém, nesses casos, funciona como uma espécie de auto-afirmação onde a aparência é mais importante que a própria carência.

Tanta preocupação com a imagem pública gera casos bizarros de comportamento. Isso me faz lembrar de Danuza Leão ao dizer “que as pessoas têm gatos (animais de estimação) para poder coçar a cabeça deles e dizer ‘eu te amo’ várias vezes sem se achar ridícula”. Tudo isso como um esforço para não demonstrar qualquer tipo de fragilidade. Pergunto então se alguém conhece alguma pessoa que já deixou de declarar, eu te amo com medo que o outro ache que o jogo está ganho e se veja em desvantagem? Imagine então escancarar: estou carente!

Sem perceber, ainda se dá muita importância à opinião alheia e aos seus modelos mesquinhos de felicidade. Ah! Desses hábitos não esquecemos, pois mesmo que se queira há sempre alguém para nos lembrar! A boa notícia é que de vez em quando surge um “transgressor” para dizer que não concorda com os padrões estabelecidos! E sem medo de ser feliz declara suas carências e fragilidades. Maria, mesmo em um reality show, parabéns pela coragem!

Pedro Manoel

sexta-feira, 18 de março de 2011

Chernobyl e Fukushima: dois lados de uma mesma informação

Informação salva vidas. Principalmente quando se trata de energia nuclear! O óbvio da questão não é tão simples assim em se tratando de políticas energéticas e a transparência de informação. A recente catástrofe natural no Japão reacende a polêmica. Comparo dois momentos trágicos da história: o acidente nuclear de Chernobyl e o de Fukushima.

Em Chernobyl na Ucrânia, então parte da União Soviética, foi considerado o pior acidente já ocorrido. A nuvem de radiação liberou 400 vezes mais contaminação que a bomba atômica lançada sobre Hiroshima. A radiação da usina se espalhou e atingiu os territórios da União Soviética, Europa Oriental, Escandinávia e Reino Unido. Até hoje não se sabe o número exato de vítimas contaminadas. Sabe-se que a tragédia resultou no deslocamento de aproximadamente 200 mil pessoas. O esforço na “blindagem dos dados” pelo governo comunista bloqueou ao máximo, e até onde pôde, todo tipo de informação. E o pior, não houve sequer a preocupação em alertar a população dos riscos da catástrofe. O mundo só tomou conhecimento do ocorrido através dos países vizinhos de Chernobyl devido aos altos níveis de radiação detectados em seus territórios.

Já em Fukushima no Japão, as autoridades foram rápidas em alertar a população para evacuar a área no perímetro mínimo da radiação. Lá, a imprensa mundial transita com liberdade para transmitir ao mundo, simultaneamente, os fatos que estão ocorrendo na usina nuclear atingida. Apesar das queixas de que as informações do governo japonês apresentarem distorções, não há nenhum indício de bloqueio de dados por parte das autoridades. Acredita-se que o governo não divulga a totalidade dos fatos para evitar o pânico da população. Contudo, vale ressaltar que o Japão está localizado geologicamente em uma área propensa a desastres naturais. E que os riscos de instalação de uma usina nuclear deveriam ser melhor avaliados !

Mais uma vez a história se repete, investe-se mais com os reparos dos danos do que com planejamento e avaliação para evitá-los. Nesse contexto, a população tem o direito de estar informada sobre as implicações e os riscos de uma usina de energia nuclear. Bem, espera-se que o “acidente” em Fukushima faça com que os países – inclusive os que não tem usinas nucleares - repensem suas políticas energéticas. Pois já está na hora de os governos perceberem que a energia nuclear não é apenas mais uma alternativa para as questões energéticas locais. A energia nuclear deve ser encarada como questão de segurança mundial!

Olhemos para Fukushima e lembremos: Informação salva vidas. Principalmente quando se trata de energia nuclear!

Pedro Manoel!

segunda-feira, 14 de março de 2011

A Biblioteca de Alexandria ou o dia do Bibliotecário


Para “lembrar” do dia 12 de março, dia do Bibliotecário, escolhemos “falar” da mítica Biblioteca de Alexandria. Mas o que dizer além? Visto que o tema já muito foi explorado por historiadores e estudiosos do mundo todo. Bem, como todo blogueiro é um metido, não fujo a regra. Vamos lá!

No final do século quatro d.C. o império romano estava à beira do colapso. A queda era iminente. Mas Alexandria, uma província do Egito, ainda tinha muito do seu esplendor. Era uma bela cidade marítima, próspera e de grande efervescência cultural. Lá existia uma das sete maravilhas do mundo antigo, o lendário farol de Alexandria, assim como a maior biblioteca da terra!

A Biblioteca de Alexandria, essa sim era uma maravilha! Como tudo no Egito Antigo era de proporções extraordinárias a biblioteca era de fato, diríamos assim, uma obra faraônica. Além de abrigar a maior coleção de papiros existentes, possuía diversos tipos de materiais tais como: experimentos científicos, observadores astronômicos, maquetes e as mais variadas obras de arte da antiguidade.

Na Biblioteca funcionavam também cursos regulares de formação em cultura geral. Esses seguiam os moldes da Àgora dos filósofos gregos onde mestres e discípulos construíam juntos os conhecimentos e descobertas encontradas ali mesmo na fantástica biblioteca. Era a educação construída lado a lado do conhecimento.

Mas a Biblioteca de Alexandria não era apenas um símbolo cultural, era também religioso, lugar onde eram cultuados múltiplos deuses ancestrais. Conhecimento, filosofia e religião lá coexistiam pacificamente. Aos poucos os cultos pagãos, a muito estabelecidos em Alexandria, eram desafiados pela fé judaica e por uma religião recentemente banida que se espalhava rapidamente, o cristianismo.

A cidade viveu uma das mais violentas rebeliões religiosas de toda história antiga. Os “pagãos”, judeus e cristãos disputaram violentamente o domínio da cidade. No conflito a biblioteca foi invadida e destruída. Todos os principais registros do mundo antigo foram perdidos. Nada restou. E a humanidade perdeu para sempre a chance de conhecer de fato o “berço da civilização” científica e cultural.

Oh! Grande Biblioteca de Alexandria ! Ah! Pobres homens de fé!
Pedro Manoel

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Repetição


A vida é uma repetição. A exemplo do eixo da terra nos movimentos de rotação e translação dando giros e voltando ao ponto inicial e como os ciclos da natureza referentes ao nascer, crescer e morrer. E também as fases sentimentais do gostar, se apaixonar, amar e “desamar”.

O tema da repetição é mais um "gancho" (motivador desse texto) inspirado na crônica de Martha Medeiros intitulada Síndrome da Repetição. Nela a autora declara "todos temos nossas dores de estimação, nossos erros reincidentes, um caminho que parece uma infinita highway, mas é no fundo uma grande rotatória". O curioso é que freqüentemente se depara ás voltas com os mesmos problemas, ou seja, aqueles cultivados e cultuados há anos.

Frustrações e problemas mal resolvidos são as “dores” mais reincidentes e de uma forma ou de outra acabam vindo à tona. Perceber tais reincidências em si próprio dá trabalho, mas é possível. Fácil é percebê-las nos outros. Faça o teste, preste atenção naquele “chato” que repete as mesmas lamúrias e que ainda pede desculpas por ser mal compreendido. Haja paciência!

Sempre questionei os movimentos cíclicos naturais e confesso, ainda não compreendo direito sua função. Aliás, por que mesmo se tem que voltar ao ponto de partida? Prefiro acreditar que só se volta ao início quando é necessário terminar bem algo que está inacabado ou mal feito. E que a repetição é uma nova oportunidade de aprendizagem. Será?

Deixemos claro que as coisas mudam e se renovam a todo tempo, isso também é uma lei da vida! Quanto às dores de estimação na essência...

Pedro Manoel

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Dúvidas, questões e saberes

O que eles dizem sobre... Dúvida. Esse é o título de uma “matéria”, de apenas uma folha, da revista HSM Management de dezembro de 2010. O texto consiste apenas de aforismos sobre o conceito de dúvida segundo a visão de célebres intelectuais.

Cada autor contribuiu sobre o tema com os seguintes pensamentos. Para Dante Alighieri a dúvida é vista com certo prazer e assim declara “A dúvida não me causa menos prazer que o saber”. Já Francis Bacon a entende como verdade e resume “Dúvida é a escola da verdade”. Luis Pasteur atrela a idéia de dúvida a de felicidade ao dizer “Infelizes os homens que têm todas as idéias claras”. E Oscar Wilde apela para o conceito de beleza e paixão ao se referir à dúvida, “Falam muito da beleza da certeza, como se ignorassem a sutil beleza da dúvida, crer é monótono, a dúvida é apaixonante”

A miscelânea de visões e conceitos heterogêneos reflete em particular o universo de cada autor sobre o assunto. Curiosamente nenhum deles considerou a dúvida como algo negativo. Pelo contrário, percebe-se até uma certa afinidade do conceito de dúvida com o de curiosidade e com o desafio de novas descobertas. Como se fosse à dúvida, por si só, uma espécie de elemento propulsor da busca pelo novo. A conotação de indecisão se quer foi questionada, muito menos o “Ser ou não ser” de Shakespeare com todos os seus desdobramentos.

Em considerando que toda dúvida requer uma pergunta, então o elemento propulsor da verdade seria o questionamento e não a incerteza ou descrença. Desta forma, o perguntar é conseqüência e o duvidar é a causa da busca por respostas. Podemos considerar então que a dúvida só é favorável quando vem acompanhada de questionamentos pertinentes. E não apenas a dúvida por ela mesma. Duvidar sem questionar é aceitação.

O tema me reporta aos tempos de sala de aula e dos professores perguntando se alguém tinha alguma dúvida sobre o assunto exposto. Lembro que ninguém respondia. Na verdade todos tinham perguntas, dúvidas nenhuma. Ninguém tinha aprendido nada. A dúvida é algo específico de um todo. Como fazer perguntas daquilo que não se tem noção? Por onde começar?

Ah ! Alighieri explica melhor o conceito de que “A dúvida não me causa menos prazer que o saber” ...

Pedro Manoel