quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Debater sobre política?


Debater sobre política no Brasil está em desuso. Estamos desaprendendo está prática. O que se vê é uma fala aqui, outra ali, opiniões breves e superficiais sem muitas delongas. E ao que tudo indica trata-se de uma repulsa coletiva ao tema.

O descrédito nas instituições políticas está esvaziando, cada vez mais, a conversação e o debate. E com isso, fortalecendo o processo de alienação da massa. Sem dúvida é uma boa estratégia de dominação, visto que, o colonialismo e a ditadura tiveram resultados passageiros. E sendo assim, percebeu-se que não se combate idéias apenas com a força, mas com a sua ausência; e que a transmissão das idéias se dá por meio da comunicação e do diálogo.

Portanto, o debate é uma verdadeira ameaça ao poder. Segundo a filósofa Márcia Tiburi “conversar é perigoso. A má política, aquela que se separou da ética, sempre soube o quão perigoso para si mesma era a conversação. Nos campos de concentração da Alemanha nazista era comum a separação de prisioneiros de mesma língua e o convívio de prisioneiros de nacionalidades diferentes”. Obviamente que debater sobre as coisas das quais incomodam, inclusive da má política, estimula a reflexão e fatalmente a busca por soluções. Isto é inevitável. Em muitos casos, nos debates políticos dá-se início a verdadeiras revoluções. E isso é tudo que as classes dominantes não querem, Claro! Pois a manutenção do poder é gerida pela estagnação da população amorfa, não pensante, incapaz do debate.

Chegar a esse resultado leva algum tempo e necessita de aliados, pois não se faz tudo sozinho. Sendo assim, nada melhor que a ajuda da boa e velha mídia, sempre amiga do poder. Quem é mais indicado para fazer a tarefa da lavagem cerebral na massa? De criar programas alienantes, novelas com temáticas do outro mundo e desenhos e filmes fantasiosos? Afinal de contas o horário nobre – onde a família toda está reunida – é ou não é a hora da novela? Conversação e debates? Isso serve para quê?
Pedro Manoel

Nenhum comentário: