sexta-feira, 25 de março de 2011

Carências, reality show, sociedade etc.

O tema carência foi um dos assuntos mais comentados da semana nas redes sociais. Isso se deveu a Maria, uma bela jovem e solteira participante do reality show BBB 11, que por vezes declarava abertamente suas carências. E “choveram” opiniões de todos os tipos. O tema envolveu desde os palpiteiros de plantão até os especialistas no assunto. Mas por que tanto burburinho? Seria demasiado chocante se declarar carente de um carinho?

Deixando a origem da discussão à parte, o tema carência afetiva é por si só, bastante oportuno. Pois não é todo dia que se fala tão amplamente do sentimento de carência. Entendo que isso seja talvez, um fator cultural bastante cruel no qual expor os sentimentos para muitos denota fraqueza e até idiotice. E se declarar despudoradamente carente seria para muitos uma espécie de atestado de incompetência, especialmente para quem está solteiro.

Segundo os padrões sociais ainda vigentes o sujeito que está sozinho por muito tempo não é visto com bons olhos. Deve está com algum tipo de problema. Isso explica aqueles tipos que mal terminam um relacionamento e imediatamente já entram noutro. Mostrar que se está com alguém, nesses casos, funciona como uma espécie de auto-afirmação onde a aparência é mais importante que a própria carência.

Tanta preocupação com a imagem pública gera casos bizarros de comportamento. Isso me faz lembrar de Danuza Leão ao dizer “que as pessoas têm gatos (animais de estimação) para poder coçar a cabeça deles e dizer ‘eu te amo’ várias vezes sem se achar ridícula”. Tudo isso como um esforço para não demonstrar qualquer tipo de fragilidade. Pergunto então se alguém conhece alguma pessoa que já deixou de declarar, eu te amo com medo que o outro ache que o jogo está ganho e se veja em desvantagem? Imagine então escancarar: estou carente!

Sem perceber, ainda se dá muita importância à opinião alheia e aos seus modelos mesquinhos de felicidade. Ah! Desses hábitos não esquecemos, pois mesmo que se queira há sempre alguém para nos lembrar! A boa notícia é que de vez em quando surge um “transgressor” para dizer que não concorda com os padrões estabelecidos! E sem medo de ser feliz declara suas carências e fragilidades. Maria, mesmo em um reality show, parabéns pela coragem!

Pedro Manoel

2 comentários:

Ediane disse...

É realmente engraçado os padrões de felicidade que a sociedade impõe, e ao mesmo tempo incompreensível, uma vez que estar sozinho por muito tempo pega “mau”, estar sempre acompanhado, seja com um nova pessoa em espaço curto de tempo, ou com a mesma pessoa por muito tempo também causam opiniões adversas, e pra muito pode pegar mau também. Vai entender!!!

Estar carente é normal, de alguma forma estamos sempre carentes, ou do carinho de mãe e pai, do aconchego do colo de um namorado, do abraço do irmão ou de um amigo querido, de um beijo carinhoso de um filho, e principalmente carentes de ouvir que alguem nos ama, porque é exatamente como você diz, esse tipo de ação pode demonstrar fragilidade, e as pessoas estão sempre muito preocupadas em tentar camuflar, pontos que juguem negativos, mas que nem sempre são realmente.

Eu sou carente,
Se passo um dia sem um beijo estarei carente
Se passo meio dia sem um abraço, estarei carente.
Se passar 1 minuto sem ver o sorriso lindo da minha pequena estarei “morta” de carência...
E não há, com certeza, nada de errado comigo...

E nem com a Maria do BBB...

Beijos

Cristiane Alberto disse...
Este comentário foi removido pelo autor.