terça-feira, 25 de agosto de 2009

Barganha da fé?!


“A fé e o dinheiro” essa foi à matéria de capa da revista Veja do último dia 19/08/2009 e foi também o noticiário mais freqüente nas duas principais emissoras de televisão do Brasil, Globo e Record. Nas duas emissoras durante a semana foi um tal de réplicas e tréplicas explicativas das denúncias de mau uso das doações dos fiéis a Igreja Universal do Reino de Deus/Record. Diante disso utilizei o método socrático de questionamento contínuo para refletir sobre o assunto e dessa forma fiz alguns questionamentos. Quanto custa a fé? E até que ponto se está disposto a negociá-la? Pelo que se sabe a fé não é um produto pelo contrário, é um sentimento e, portanto intangível, gratuito e inerente a cada indivíduo de acordo com a capacidade de acreditar em suas manifestações. Sendo assim, por que é tão comum a prática da “barganha da fé?” Isto é, a “negociação de bênçãos” com o Divino, através de líderes espirituais, cuja moeda são valores e bens na forma de doações. Ultimamente a fé tornou-se mais que um produto transformou-se no filão de uma verdadeira indústria que movimenta milhares de dólares por ano. Isso explica o crescimento dos meios de comunicação que oferecem “serviços” divinos em troca de doações. Várias são as questões perturbadoras a esse respeito, no entanto, questiona-se também o perfil dos “doadores” que alimentam tais instituições. Percebe-se que a proliferação de tantas instituições que negociam a fé é proporcional ao número de fiéis dispostos em negociá-la. Arrisca-se, portanto, traçar um breve e modesto esboço desses indivíduos: seriam talvez incautos fiéis inseguros despreparados para enfrentar as adversidades cotidianas, incapazes de suportar as possíveis perdas, dores e frustrações da vida, mas suficientemente gananciosos e dispostos a doar bens na certeza de resgatá-los na forma de lucrativas bênçãos divinas? Ou vítimas ingênuas de oradores habilidosos e manipuladores da psique humana que aplicam com sucesso frases do tipo “Quem dá aos pobres empresta a Deus” ou “quem faz o bem recebe em dobro”, e por aí vai? No comércio da fé não há inocentes, nem quem vende muito menos quem compra. Não se vende um desejo, uma crença ou confiança tão fácil como se vende um produto numa prateleira de supermercado. Por mais ignorante que seja o indivíduo intimamente se reconhece que a fé é inseparavelmente ligada ao íntimo de cada ser.
Pedro Manoel

2 comentários:

Ella! disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Ella! disse...

Tirei a conclusão de que a fé está ligada de acordo com a condição social das pessoas, principalmente aquelas bem baixas.
A maioria dessas pessoas não tem instrução nenhuma e num ato insano, praticamente doam o que pouco lhes resta, para sustentar as despesas dessas Igrejas.