“...viver bem se deve mais à arte de saber perder do que saber ganhar. Esperar muito dos outros é um barco furado.” p. 209. Só essa frase já valeu ler o livro, O vendedor de sonhos: o chamado de Augusto Cury. Lembrei de quantas vezes presenciei - outras participei - de discussões intermináveis no qual os participantes “lutavam” para estarem com a razão. E a disputa continuava por horas até uma das partes desistir, sair ou declarar que não tinha razão. Ao vencedor o prêmio: além da razão, a perda de tempo, a forte carga de emoção recebida, e muitas vezes, uma amizade desfeita. A fórmula do bem viver não está pronta e disponível, cada indivíduo vai construindo a sua a partir das experiências vividas ao longo da existência. Certamente um ingrediente indispensável na receita da boa convivência é saber perder. Difícil é perceber que até quando amamos também perdemos, e começa-se pela individualidade, pois de pronto o indivíduo deixa de ser apenas um para ser dois – o casal - e passa a viver, muitas vezes, mais de acordo com as vontades do parceiro do que com as próprias. É a exata hora do Eu dar espaço para o Nós. E as perdas não param por aí, perde-se também a privacidade do quarto, da leitura na cama até altas horas, de dormir até mais tarde, sem falar no programa com os amigos... Difícil é estar preparado para perder, afinal somos educados para sermos competitivos e vencedores a todo custo, inclusive nas relações afetivas. Perder para pacificar não é ensinado nas escolas e poucos são os lares preocupados com esse enfoque na educação dos filhos. Espera-se sempre que o outro desista da discussão, peça perdão, perca. Esperar demais dos outros não é a melhor solução para os conflitos. Precisamos urgentemente aprender a perder nem que seja para ganhar.
Pedro Manoel
Pedro Manoel