sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Perder para ganhar


“...viver bem se deve mais à arte de saber perder do que saber ganhar. Esperar muito dos outros é um barco furado.” p. 209. Só essa frase já valeu ler o livro, O vendedor de sonhos: o chamado de Augusto Cury. Lembrei de quantas vezes presenciei - outras participei - de discussões intermináveis no qual os participantes “lutavam” para estarem com a razão. E a disputa continuava por horas até uma das partes desistir, sair ou declarar que não tinha razão. Ao vencedor o prêmio: além da razão, a perda de tempo, a forte carga de emoção recebida, e muitas vezes, uma amizade desfeita. A fórmula do bem viver não está pronta e disponível, cada indivíduo vai construindo a sua a partir das experiências vividas ao longo da existência. Certamente um ingrediente indispensável na receita da boa convivência é saber perder. Difícil é perceber que até quando amamos também perdemos, e começa-se pela individualidade, pois de pronto o indivíduo deixa de ser apenas um para ser dois – o casal - e passa a viver, muitas vezes, mais de acordo com as vontades do parceiro do que com as próprias. É a exata hora do Eu dar espaço para o Nós. E as perdas não param por aí, perde-se também a privacidade do quarto, da leitura na cama até altas horas, de dormir até mais tarde, sem falar no programa com os amigos... Difícil é estar preparado para perder, afinal somos educados para sermos competitivos e vencedores a todo custo, inclusive nas relações afetivas. Perder para pacificar não é ensinado nas escolas e poucos são os lares preocupados com esse enfoque na educação dos filhos. Espera-se sempre que o outro desista da discussão, peça perdão, perca. Esperar demais dos outros não é a melhor solução para os conflitos. Precisamos urgentemente aprender a perder nem que seja para ganhar.
Pedro Manoel

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

A culpa é da inércia viu Lula!

Diante de tantos escândalos políticos estamos vivendo inversamente em total inércia política no Brasil. O governo Lula conseguiu ser unanimidade política nacional. Ao que parece o Brasil é um país de um partido só, o PT do presidente Lula. Onde está a efetiva oposição partidária? Onde está a atuante elite intelectual opositora? Onde estão os estudantes pensantes e críticos que tanto se manifestaram e ajudaram a revolucionar o Brasil? Lula e o PT estão conseguindo “anestesiar” as atitudes e as mentes críticas do povo. Os escândalos políticos se multiplicam a cada dia e já são tantos que não dá tempo nem de causar indignação. Ocorre uma alternância de escândalos nos três poderes nacionais, uma vez é do executivo, outra do judiciário e agora a bola da vez é o legislativo com o senado federal. De fato o governo Lula está realizando grandes avanços na área econômica e, por conseguinte melhorou a qualidade de vida dos brasileiros, reconhece-se o valor. Por outro lado, está aniquilando o desenvolvimento político e democrático da nação. Isto é perigoso, pois a hegemonia política funciona como uma espécie de ditadura disfarçada de democracia. A concentração de poder em um único partido desestabiliza as bases de sustentação da democracia a tempos tão sonhada e conquistada as duras penas. As eleições presidenciais estão próximas e é cada vez mais evidente o uso da máquina pública para promoção política do governo. Brasília anunciou que deverá entregar cerca de 100 mil casas populares até junho de 2010 no programa assistencialista Minha Casa Minha vida. Nada mais oportuno em época do pleito presidencial, certamente o governo garantirá pelo menos quatro vezes o número de votos populares. A inércia do povo é a maior aliada dos governos populistas ou diria oportunistas? Ah! a culpa é da inércia viu Lula!
Pedro Manoel

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Barganha da fé?!


“A fé e o dinheiro” essa foi à matéria de capa da revista Veja do último dia 19/08/2009 e foi também o noticiário mais freqüente nas duas principais emissoras de televisão do Brasil, Globo e Record. Nas duas emissoras durante a semana foi um tal de réplicas e tréplicas explicativas das denúncias de mau uso das doações dos fiéis a Igreja Universal do Reino de Deus/Record. Diante disso utilizei o método socrático de questionamento contínuo para refletir sobre o assunto e dessa forma fiz alguns questionamentos. Quanto custa a fé? E até que ponto se está disposto a negociá-la? Pelo que se sabe a fé não é um produto pelo contrário, é um sentimento e, portanto intangível, gratuito e inerente a cada indivíduo de acordo com a capacidade de acreditar em suas manifestações. Sendo assim, por que é tão comum a prática da “barganha da fé?” Isto é, a “negociação de bênçãos” com o Divino, através de líderes espirituais, cuja moeda são valores e bens na forma de doações. Ultimamente a fé tornou-se mais que um produto transformou-se no filão de uma verdadeira indústria que movimenta milhares de dólares por ano. Isso explica o crescimento dos meios de comunicação que oferecem “serviços” divinos em troca de doações. Várias são as questões perturbadoras a esse respeito, no entanto, questiona-se também o perfil dos “doadores” que alimentam tais instituições. Percebe-se que a proliferação de tantas instituições que negociam a fé é proporcional ao número de fiéis dispostos em negociá-la. Arrisca-se, portanto, traçar um breve e modesto esboço desses indivíduos: seriam talvez incautos fiéis inseguros despreparados para enfrentar as adversidades cotidianas, incapazes de suportar as possíveis perdas, dores e frustrações da vida, mas suficientemente gananciosos e dispostos a doar bens na certeza de resgatá-los na forma de lucrativas bênçãos divinas? Ou vítimas ingênuas de oradores habilidosos e manipuladores da psique humana que aplicam com sucesso frases do tipo “Quem dá aos pobres empresta a Deus” ou “quem faz o bem recebe em dobro”, e por aí vai? No comércio da fé não há inocentes, nem quem vende muito menos quem compra. Não se vende um desejo, uma crença ou confiança tão fácil como se vende um produto numa prateleira de supermercado. Por mais ignorante que seja o indivíduo intimamente se reconhece que a fé é inseparavelmente ligada ao íntimo de cada ser.
Pedro Manoel

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Comprometimento no trabalho

O comprometimento deveria ser uma das características mais valorizadas em ambientes de trabalho. Profissionais comprometidos com suas funções chegam a superar em desempenho aqueles com grandes qualidades técnicas, mas sem nenhum compromisso. O funcionário comprometido assume de fato a obrigação, a responsabilidade e determinação em fazer o melhor. Esse tipo de trabalhador – o comprometido - não se intimida em não saber certas atividades, mas está sempre com disposição em aprender. Já o “descompromissado” (neologismo nosso) realiza apenas as tarefas que julga necessário para a manutenção do emprego, acha que sabe tudo, não tem interesse nenhum em aprender o que está surgindo de novo em matéria de processos e procedimentos e costuma esconder informações importantes. As diferenças são visíveis entre esses dois profissionais. Quando o funcionário responsável chega na empresa logo começa a trabalhar, pergunta se há alguma novidade e de imediato assume suas responsabilidades diárias. O sem compromisso chega ao trabalho de mansinho, se arrastando, liga o computador, verifica os e-mails pessoais, toma um cafezinho, vai ao banheiro, navega na internet, olha ao redor para ver se alguém está percebendo e por aí vai... Certamente há variações de graus desse tipo de funcionário para cada função existente, cada um com suas habilidades em esquivar-se do trabalho. Curiosamente a sobrevivência profissional dos não comprometidos está fundamentada na enorme capacidade em disfarçar suas ações e no bom relacionamento com certos tipos de chefes: os coniventes. A difícil punição dessa prática infelizmente seduz novos adeptos, podendo comprometer toda uma equipe de trabalho. Enquanto isso, o profissional comprometido segue trabalhando.
Pedro Manoel

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

“Visão interior de pai”


A quantas anda sua "visão interior de pai" ? Trata-se de uma pergunta um tanto quanto incomum, diria talvez até esquisita! Tal questão para mim é intermitente e começou a incomodar desde que sai da casa de meus pais. Outro dia, um amigo me perguntou como era morar sozinho. Relatei brevemente os prós e contras... A conversa continuou e falamos também do relacionamento pais e filhos, mencionei que até isso melhorou na nossa família. Refletindo sobre o assunto, percebi que a melhora de relacionamento, especificamente com meu pai, não se deve, por si só, ao fato de não estar morando na casa dele, mas por termos a oportunidade e disposição de prestarmos mais atenção um ao outro. Morando sozinho, comecei a perceber a real importância do meu pai na minha vida e o quanto ele faz falta. Trata-se talvez do fenômeno da "presença da ausência". Não faço com isso apologias a corrente dos defensores do pensamento que apregoa “que só com a separação é possível perceber o valor das pessoas” ou “só se dá valor quando perde”. Aponto por tanto, para a importância do espaço e da vontade de cada um em perceber a dimensão do outro na vida e que preservar a visão interior do pai é importante para o referencial de segurança e equilíbrio emocional. Desde cedo, ainda pequenos na escola, o escudo de defesa verbal da criança é declarar: não faça isso ou eu chamo meu pai! Na verdade acredita-se que é o super homem em carne e osso que virá em nosso socorro. No entanto, os conflitos geracionais são inevitáveis e se agrava muito na adolescência justamente nos processos de comunicação truncada. Afinal achamos que nunca somos compreendidos por eles, os pais. Infelizmente em certos casos os mal entendidos embates perduram por anos e com isso, perdem-se não apenas os bons momentos de convívio familiar, mas também, um importante elo interior na corrente da auto-confiança. O rompimento interior com a visão da figura paterna é um dano, muitas vezes, irreparável. Desta forma, a reconciliação é uma oportunidade de recomeço no processo do auto-conhecimento e da reconstrução de uma auto-estima mais equilibrada.
Pedro Manoel