segunda-feira, 16 de maio de 2011

Boi no estádio do Arruda: a saga do futebol pernambucano


A presença do boi no folclore de Pernambuco é sempre atual. Curiosamente surge no futebol também. Bicho e futebol têm tudo haver. E não é de hoje que o reino animal é a principal inspiração dos mascotes futebolísticos. Tem pra todos os gostos: leão, cobra, timbú, patativa...

E o boi, onde entra nessa história? Ah, o boi entra para pagar o pato! Tudo começou quando um certo pai-de-santo vai a mídia cobrar o sacrifício de um boi prometido por um certo time de Recife. Coincidentemente o tal time devedor, cujo mascote é um leão, ia mal das pernas no campeonato pernambucano. Nisso, o líder espiritual adverte que o motivo para as derrotas era o não pagamento da dívida: o boi. Mas, se fosse quitada reverteria o problema.

Os torcedores mais supersticiosos logo procuraram o pai-de-santo para resolverem a questão pendente com o além. Não se sabe como a questão foi tratada. A partir de então, o time do leão começou a ganhar as partidas. E a mídia noticiava a doação de bois, touros, búfalos... Verdade ou não, a auto-estima dos jogadores melhorou com os resultados ou vice-e-versa. Acreditar faz toda diferença. Fé é a palavra mais certa.

A estratégia do boi já foi utilizada nos idos de 1640 pelo Conde Maurício de Nassau aqui em Recife. O conde precisava quitar uma dívida com a coroa holandesa. Sem recursos suficientes decidiu cobrar pedágio a quem passasse pela maior ponte até então construída nas Américas. A ponte ligava o Recife Antigo a cidade Maurícia. O slogan utilizado na campanha foi: “Cruze a ponte e veja o boi voando”. Promessa feita e cumprida. Uma multidão viu um boi (de palha) voar por cima da ponte. O evento rendeu um bom dinheiro. E o boi salvou a pele do conde.

O duelo entre a equipe do leão e a da cobra coral no estádio do Arruda entraria para história. Estava em jogo a conquista do hexa-campeonato para o leão. Até agora, só conquistado pela equipe do timbu. A cobra coral precisava vencer. Há anos não conquistava um título e vinha de um rebaixamento da quarta divisão. E os mais de 62.000 pagantes que foram ao estádio esperavam mais que um boi voar.
Grande abraço
Pedro

4 comentários:

LioN_05 disse...

Isso é inveja dos torcedores do Timbú, tiveram que torcer pra um time adversário pra não perderem o ÚNICO mérito do time (o Hexa). Realmente não levamos o Hexa, mais nossos títulos e conquistas superam a de qualquer time pernambucano. Pelo Sport TUDO!!!

lu disse...

Antes de tudo sou RUBRO-NEGRA de coração!
E achei maravilhosa a forma q vc inseriu o boi em tantas situações...kkk
Bom texto!
Parabéns aos tri.... realmente merecem, deve ser muito bom ganhar depois de TANTOOOOOO TEMPO....kkkk
Abraços! Lu

Milton Carvalho disse...

É incrível, como falam tanto desse boi, mas no entanto, esquecem que eles mesmos já passaram por situação semelhante, como podemos ver na matéria veiculada na Revista Placar, de 1999, a qual, eu reproduso texto abaixo.

Obs.: hoje podemos perceber claramente que emPernambuco só há duas torcidas: a do glorioso Sport e a contra o Sport.


Dívida com pai-de-santo não paga dá azar


Revista Placar de 1999

Sem ganhar títulos há nove anos, o Náutico teve que pagar dívida com pai-de-santo para exorcizar a má fase.

Em 1962, o centro avante Bita pediu ao pai Edu que “trabalhasse” a sua carreira. No primeiro jogo após o pedido, um clássico contra o Sport, o atacante fez os dois gols da vitória do Náutico. Protegido pela mandinga do babalorixá, o time foi campeão de 1963 a 1966.

O craque do Náutico garantiu o Pai Edu, não foi nenhum jogador de carne e osso, mas a entidade Zepelintra, que transformava qualquer perna-de-pau em aspirante a Pelé. Assim, o Náutico foi colecionando títulos. Exigente, Zepelintra pedia que diretores do clube entornassem litros de cachaça em cultos de agradecimentos. Indignadas com as bebedeiras, às freiras do colégio onde estudavam filhos de dirigentes exigiram o afastamento do pai Edu.

“Deixei o clube, mas disse que o Náutico ia apanhar até me pedir perdão”, conta o pai-de-santo. Após sete derrotas seguidas, os dirigentes resolveram voltar a consultar o babalorixá. “Foi prometido um boi caso eu fizesse o Náutico ser campeão”. Em 1967, veio o pentacampeonato, mas nada da entrega do animal. No ano seguinte, quando o titulo já estava quase nas mãos do Sport, o pai-de-santo foi chamado outra vez. Ele faria o serviço, mas queria pagamento adiantado. “Só que mandaram um boi castrado e eu queria um boi inteiro”, diz o babalorixá. Como já era dia da decisão, prometeram entregar um outro animal, sem cortes. O Náutico conquistou o hexacampeonato estadual, único titulo da história do futebol pernambucano, mas os dirigentes esqueceram de mandar o touro.

Por culpa da mandinga ou não, entre 1968 e 1998, o Náutico somente ganhou quatro títulos de campeão. No inicio de 1999, o caso da divida foi lembrado e, na esperança de esconjurar o mau-olhado, os diretores resolveram salda-la. Desta vez, Zépelintra não seria contemplado, mas o próprio Exu, mais poderoso e, por isso mesmo, mais caro. Fora o boi, foram entregues quatro bodes e oito galinhas. “Estamos nos livrando de um grande peso”, disse o diretor Paulo Regueira, incubido da missão de fazer o pagamento redentor.

O Náutico pagou a divida, mas pai Edu e suas entidades não puderam saboreá-la. A mulher de um diretor do clube denunciou ao Ibama, entidade de proteção ao meio ambiente, que os animais seria sacrificados. A policia foi chamada e os bichos, salvos. “Mesmo sem o sacrifício, a divida foi paga e o time não corre mais risco nenhum” garante pai Edu.

Por culpa da mandinga ou não, os ventos começaram a soprar a favor do Náutico que fez uma boa campanha no campeonato de 1999. E uma semana depois do pagamento, um ladrão invadiu a sede do clube e abordou o presidente Josemir Correia. O ladrão tentou disparar um tiro contra a cabeça do presidente. Acredite, a arma falhou e o ladrão fugiu.

Daniel Andrade disse...

vlw Milton hehehee