

“E ai? Não gostou do que eu disse? Estou sendo sincero!” Pra ser sincero... Permita-me a sinceridade... Sinceramente! Qualquer uma dessas sentenças remete a algo, que de antemão se sabe, não é lá muito agradável. Ao que parece não estamos acostumados com a sinceridade.
Mas, por que a sinceridade tem essa face melindrosa da mágoa? Será que sempre que se é sincero corre-se o risco de alguma forma ferir o outro? Sendo assim então, não ser totalmente sincero é ser simpático e amigável?
Na perspectiva da superficialidade das relações abster-se de sinceridade garante, até certo ponto, a empatia pública e um maior número de admiradores. Quem não conhece aquele tipo que numa roda de conversa concorda com todos, não se posiciona em momento algum e quando abre a boca fala com parcimônia acalmando os mais inflamados? È o famoso “em cima do muro” que de certa forma, apesar de toda simpatia não é uma figura das mais marcantes.
Não confundimos, portanto, simpatia com falta de sinceridade. Afinal há situações que por polidez não se pode expressar uma opinião sincera, mas nem por isso falta-se com a verdade.
A sinceridade está diretamente ligada à verdade. Não a verdade imparcial, mas como cada um a entende e a percebe. Ao contrário do que muita gente que se auto-intitula sincera, a sinceridade não precisa ser necessariamente rude. È possível ser sincero sem magoar, ferir. Mesmo contrariando aqueles que dizem: “a verdade dói, mas tem que se dita!”.
Quem se magoa com a sinceridade não está muito habituado com a verdade e só espera do outro aquilo que se quer ouvir e acreditar. Com isso perdem-se oportunidades preciosas de autoconhecimento e desenvolvimento pessoal.
Pois então, posso ser sincero?
Pedro Manoel