quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Universidade X mercado de trabalho: uma questão de currículo?


Saber que o currículo é o espelho das atividades de um indivíduo durante sua existência é um fato considerável. O que ocorre é que esse personagem não é necessariamente o melhor padrão para medir competências. Em se falando de padrão, um currículo profissional brilhante, muitas vezes pode ser irrelevante ou até medíocre para os padrões acadêmicos. Nesses casos o inverso também ocorre na mesma proporção.

No mercado de trabalho considera-se a experiência profissional um ponto decisivo para se medir as habilidades. Para algumas empresas quanto mais empregos um candidato já teve, entende-se que mais experiência adquiriu. Para outras companhias o tempo de serviço conta pontos positivos. Permanecer anos a fio na mesma empresa denota compromisso e confiança do empregador. Tais aspectos refletem num currículo profissional como pontos fortes para uma possível avaliação do mercado.

Já no meio acadêmico a experiência profissional e o tempo de serviço parece não contar tanto assim. O que interessa mesmo é a produção científica. Na academia se é identificado pelo Currículo Lattes. Aqueles indivíduos com baixa produção científica não são muito bem vistos. E as tradicionais saudações como alô, olá ou como vai você? São substituídos pelo “Como está a sua titulação hoje”? Exageros a parte. Resumindo, nas universidades a palavra de ordem é: publique ou desapareça!

Romper a barreira entre esses dois mundos não é uma questão simples. Os limites estão bem demarcados. Tal incômodo requer pelo menos duas questões. A primeira: como resolver a questão dos recém-formados que saem dos bancos das universidades e lutam por uma colocação no mercado de trabalho cada vez mais exigente por experiência profissional? E a segunda, como fica a situação dos profissionais - com baixos índices de publicação científica - que fazem o caminho inverso e tentam uma vaga nos programas de mestrado?

Ao que parece a universidade e o mercado de trabalho não interagem muito bem quando se trata de currículo. Cada um ao seu modo que queira resolver melhor seus objetivos e se esquecem do principal: os indivíduos nisso tudo. O desafio é quebrar o paradigma de que o currículo é um instrumento inquestionável de competências.

Pedro Manoel