sexta-feira, 29 de abril de 2011

Casamento real?

Cerca de dois bilhões de pessoas no mundo pararam para ver o casamento do príncipe William, do Reino Unido, com a plebéia Kate Middleton. Será que tanto interesse revela que o casamento continua mais atual do que nunca? Crescem as estatísticas a cada ano. Contrariando o discurso dos moderninhos que preferem apenas “ficar” e manter relações sem compromisso. Dicotomia ou rendição inconsciente às tradições?

Já vi muitos solteiros convictos, reavaliar os conceitos de modernidade e subirem ao altar de uma igreja. Questionados, as respostas são quase unânimes: encontrei a pessoa certa. Dizem os mais reservados. Os místicos declaram, achei minha alma gêmea. Já os brincalhões simplificam que encontraram a “tampa da panela”. Enfim... O casamento pode ser visto como o encontro de pessoas que foram feitas umas para outras. E ai de quem duvide!

Sendo assim, “ritualizar é preciso” diriam os psicólogos de plantão. O casamento nada mais é que um ritual de união. Curiosamente é celebrado em todas as culturas. No mundo ocidental o rito é celebrado com um forte pacto de união mútua. Apenas desfeito com o infortúnio de um dos cônjuges. Com o juramento se valida o compromisso público de serem felizes para sempre até que a morte os separe!

A idéia da felicidade reporta-se aos contos de fadas. Reproduzir o sonho torna-se um ideal. Os noivos viram príncipes e princesas. Os padrinhos membros da realeza. A decoração da igreja lembra bosques repletos de flores. Há carruagens com cavalos brancos, pajens e daminhas... Qualquer semelhança não é coincidência. Faz parte mesmo! Tudo isso justificado por um ritual herdado e cultivado por séculos de tradição.

Se o final do conto é feliz, isto é, até quando vai durar é outra história. O fato é que o número de casamentos só cresce. E tem gente por aí que se separa só pra casar de novo! O ritual se confunde com o cotidiano e muitas vezes o amor fica em segundo plano. E perdura-se até que a morte os separe. “Pero no mucho”.
Pedro Manoel

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Cristo: entre a lei e o fisco

Cassem o incrédulo! Diziam os doutores da Lei. Prendam o sonegador de impostos! Bradavam os romanos. Praticar um dos desses atos na Judéia já seria um crime. Os dois então: sentença de morte.

A Judéia, em plena dominação do império romano, sofria com a opressão e altas cobranças de impostos. Apesar disso, os judeus como povo religioso que era, seguia a risca as leis de Moisés. O “olho por olho e o dente por dente” era a lei mais incisiva delas. Quem não a observasse era considerado criminoso da fé.

Crime grave também era a sonegação de impostos. Os judeus tinham verdadeira aversão ao fisco. E Roma era implacável na cobrança. Afinal de contas era preciso manter os luxos do império em plena ascensão. Qualquer negativa ao pagamento era considerado inimigo de Roma e criminoso do estado.

Naquela época surge nas ruas de Jerusalém um jovem encantador que trazia boas novas ao povo oprimido. Seu nome era Jesus. Ele dizia que o reino de Deus está próximo. Nos sermões pregava: “perdoar aos inimigos” e “amar ao próximo como a si mesmo”. Curava os doentes do corpo e da alma. Restaurava a auto-estima do povo. E falava de justiça imparcial. As idéias de Jesus abalaram as estruturas dogmáticas da lei mosaica. E o império romano viu surgir o Rei (líder) do povo judeu. Capaz de levá-los a terra prometida (liberdade). Questionado, Jesus declara aos doutores do templo, “Não vim para destruir a lei...” e acrescentou “Meu reino não é desse mundo”. Para Roma bradou: “Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”. Em vão nada disso mais importava.

Jesus era uma ameaça ao poder. Era preciso conter a revolta do povo e manter a “paz” no império. Jesus foi sacrificado. Nunca esquecido. Sua mensagem de esperança, fé e liberdade perduram até hoje. Ave Cristo!
Pedro Manoel

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Nostalgia

Alguém já viu o conceito: nostalgia do que não viveu? Pois é, só faltava essa! A nova onda da juventude é resgatar objetos e utensílios ultrapassados. Aqueles discos de vinil e as máquinas polaroid são as estrelas do momento. Resta saber, qual o sentido de se usar um objeto analógico em detrimento do digital, mais moderno e com melhor desempenho.

De olho nessa demanda nostálgica o mercado de consumo está faturando. A indústria da moda, o cinema, as novelas estão a postos nesse filão. Os remakes são sucessos garantidos em tudo que um dia já fez sucesso. São os chamados “neo retrô”. Basta um ajuste aqui outro ali e pronto. Surge algo novo com cara de velho prontinho pra consumo.

Ser nostálgico não é algo negativo. Como tudo é preciso moderação. Complicado é quando há uma fixação pelo passado idealizado. Algo que impede viver o presente com todo o seu potencial. Os gregos antigos já diziam que nostalgia quer dizer “saudade de um lar que não mais existe ou nunca existiu”. Lembra daquelas velhas frases que dizem: “naqueles tempos as coisas eram melhores” ou “na minha época”... Puro saudosismo.

O curioso é que essa onda de nostalgia é vivida por pessoas que nem eram nascidas na época. Nostalgia do que não viveu? Outro dia fui a um baile de formatura que o repertório musical era todo dos anos 70, 80 e 90! Os formandos tinham no máximo 25 anos. E as pessoas daquela geração curtiam as músicas mais atuais.

Gosto mais de pensar que o melhor lugar e momento são o aqui e o agora. E até pra ser nostálgico é melhor. Dispomos da tecnologia para isso. Há o Youtube e as reedições em DVD’s de antigos filmes e shows. Sem falar de uma infinidade de artefatos de última geração. Quer saber? “Viver é melhor que sonhar...” Grande Elis Regina!
Pedro Manoel

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Beleza: caos e cosmos

“A beleza está nos olhos de quem à enxerga”. Será? Com tantos apelos comerciais os sentidos estão sobrecarregados. Eleger o belo torna-se uma tarefa duvidosa. Os critérios de escolha são sutilmente impostos e criam conceitos irreais.

Surgiram na Grécia Antiga os primeiros padrões de beleza. Os deuses do Olimpo eram os modelos ideais de perfeição. O belo era algo praticamente inalcançável. Estava disponível apenas para alguns semi-deuses. Daí nasce o termo beleza grega. Mais tarde, o conceito é imposto para outras culturas.

Para se tornar belo era preciso se aproximar ao máximo dos deuses. Esse era um empecilho. Foram criados os cosméticos como tentativa de aproximação do ideal. Produtos que possibilitavam correções de imperfeições com o objetivo de tornar a aparência mais simétrica. Era preciso corrigir o Caos (desordem e assimetria) do visual. E alcançar o Cosmos: o equilíbrio e simetria. Daí se origina o termo cosmético.

Ao longo do tempo a idéia de que os cosméticos emprestam a beleza dos deuses está mais forte do nunca. Basta lembrar um slogan de sabonete que dizia: “nove entre dez estrelas usam tal produto”. Tomar banho com tal sabonete induz a falaciosa idéia do pertencer ao estelar grupo de atores de Hollywood (deuses). Segundo Stendhal “A beleza é apenas a promessa da felicidade...” A indústria cosmética retorna aos gregos antigos com seus padrões e simulacros de felicidade.

Ser feliz é parecer com os deuses? Essa é a proposta básica da moda: semelhança. De tantos reflexos falta espaço paro o diferente. Vicia a visão e a reflexão dos costumes repetitivos. Perceber através do olhar que o assimétrico é palpável e possível. E por que não belo?
Pedro Manoel