quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Pois então, posso ser sincero?



“E ai? Não gostou do que eu disse? Estou sendo sincero!” Pra ser sincero... Permita-me a sinceridade... Sinceramente! Qualquer uma dessas sentenças remete a algo, que de antemão se sabe, não é lá muito agradável. Ao que parece não estamos acostumados com a sinceridade.

Mas, por que a sinceridade tem essa face melindrosa da mágoa? Será que sempre que se é sincero corre-se o risco de alguma forma ferir o outro? Sendo assim então, não ser totalmente sincero é ser simpático e amigável?

Na perspectiva da superficialidade das relações abster-se de sinceridade garante, até certo ponto, a empatia pública e um maior número de admiradores. Quem não conhece aquele tipo que numa roda de conversa concorda com todos, não se posiciona em momento algum e quando abre a boca fala com parcimônia acalmando os mais inflamados? È o famoso “em cima do muro” que de certa forma, apesar de toda simpatia não é uma figura das mais marcantes.

Não confundimos, portanto, simpatia com falta de sinceridade. Afinal há situações que por polidez não se pode expressar uma opinião sincera, mas nem por isso falta-se com a verdade.

A sinceridade está diretamente ligada à verdade. Não a verdade imparcial, mas como cada um a entende e a percebe. Ao contrário do que muita gente que se auto-intitula sincera, a sinceridade não precisa ser necessariamente rude. È possível ser sincero sem magoar, ferir. Mesmo contrariando aqueles que dizem: “a verdade dói, mas tem que se dita!”.

Quem se magoa com a sinceridade não está muito habituado com a verdade e só espera do outro aquilo que se quer ouvir e acreditar. Com isso perdem-se oportunidades preciosas de autoconhecimento e desenvolvimento pessoal.

Pois então, posso ser sincero?
Pedro Manoel

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

O que é o Amor?



O amor vai além de toda e qualquer tentativa de compreensão. E aventurar-se nessa empreitada é um caminho que leva a um rumo desconhecido de dúvidas e questões. O mais nobre dos sentimentos sempre foi um mistério para a humanidade e continua sendo até hoje! Já na Grécia antiga os gregos formulavam questões a seu respeito. Isto é, há cerca de três mil anos antes de Cristo, no nascimento da filosofia, o amor era a ordem do dia nos debates. E a pergunta continua renitente, contumaz. Não me interesso muito por respostas já consagradas (pelos próprios filósofos gregos) dos três tipos de amor: Eros, Philia e Ágape. A divisão do termo em três tipos de conceito não me ajuda muito. Questiono o amor livre das teorias filosóficas ou religiosas. Questiono o sentimento que não se verbaliza totalmente, que é grande o suficiente para não caber nas quatro letras do nome. Mas que mesmo assim é impalpável e escorregadio como o tempo. Gostaria de saber o que se passava pela cabeça de Mario de Andrade quando escreveu o magistral livro Amar, verbo intransitivo. Ora, se o amor é um verbo, logo é uma ação, um movimento. Seria então um sentimento em movimento que vai em direção ao outro, e que volta e que vai novamente? Um sentimento de troca! Melhor ainda de doação? É isso! Já ouvi dizer que o amor é simplesmente doar. Então, seria o amor um sentimento em movimento e de doação? Seria por isso que doar é desapegar-se de algo ou de alguma coisa? Desprender-se diante das coisas superficiais, das vaidades em detrimento de coisas importantes e que fazem sentido a vida, saber dividir e compartilhar? Será que só se ama verdadeiramente quando há o desapego? Mesmo correndo o risco de me aventurar em empreitadas desconhecidas e de ser taxado de piegas continuarei na tentativa de compreensão do que é o amor.
Pedro Manoel