Era uma vez.... Naquele tempo... Certa feita... Tais frases, como mágica, despertam a curiosidade e prendem a atenção do espectador. Curiosamente essas sentenças ao serem declamadas sabe-se que logo virá uma história boa ou não isso não importa, o importante mesmo é o fascínio despertado. Ao contrário do que se pensa das histórias o que mais fascina não é o irreal - a fantasia - mas justamente o contrário, a semelhança com a realidade. Já é sabido de antemão que nos contos de fadas os finais felizes são garantidos, certo? Mas até chegar o final do enredo os protagonistas passam por agruras e intempéries frutos da ação dos oponentes. Há um caminho no qual se trava uma verdadeira batalha entre o bem e o mal, mas o “The end” é sempre feliz. Esse “formato” de história vai desde a literatura infantil passa pelos Best selleres, chega aos clássicos da literatura universal, alcança o teatro, a televisão e o cinema. E de tanto êxito já se perpetua por séculos. E o segredo do sucesso está justamente na certeza de que no final da história vai dar tudo certo. Trazendo os contos para a realidade (cotidiano) destaca-se o papel dos finais felizes, quão importantes são! Todos os dias às 20h e 30 min. milhões de espectadores se debruçam em frente da televisão para torcer pelos mocinhos das novelas e vibrarem com as derrotas dos vilões! Ver, ouvir e ler finais felizes funciona como uma espécie de alavanca motivadora para esperanças reais e o fortalecimento da crença do triunfo do bem e da justiça. É como se fosse uma declaração pessoal intrínseca: “ Se a Helena (da novela) venceu eu também posso!” Podemos desta forma entender o sucesso de bilheteria mundial do filme Avatar que tirando os efeitos especiais surpreendentes, a história é bastante medíocre. Trata-se de um enredo com apelos ecológicos ingênuos, seres surreais, amores impossíveis, vilões implacáveis e claro: finais felizes! Apesar de tudo isso é um sucesso. É fascinante participar das vitórias, mesmo que seja na fantasia, ajuda a acreditar que também somos capazes de sonhar, de desejar e lutar pelos sonhos, mesmo correndo o risco de ser piegas. Era uma vez...
Pedro Manoel