Durante uma existência se acumula muitas perdas. Na verdade se observarmos de perto mais se perde do que se ganha. Contrariamente a essa sentença não se aprende direito, muito menos com eficácia, a perder e a encarar o fato como natural de um processo de amadurecimento do ser. Na tentativa desesperada de se livrar dos sofrimentos e das perdas lança-se mão do artifício primeiro : o da fuga como forma de alívio imediato. Inevitavelmente a realidade sempre acaba por revelar, mesmo que aos poucos, a dor que tanto insistimos em esconder, afinal não se está preparado para perder. Quando o fim chega traz com ele a inevitável tomada de posicionamento para um novo começo que por sua vez, vem acompanhado de mais sofrimento e do desafio de passar dessa fase com saldo positivo e crescimento emocional. Uma saída é encarar a realidade começando pelo do rito de passagem. Isto é, celebrar conscientemente o rompimento de uma situação e seguir em direção a outra mesmo que desconhecida. Os ritos são marcados pela total retirada dos símbolos que lembram a fase anterior, tais como fotos, mobílias, roupas e alianças, essas geralmente são as últimas e também a mais difícil. È necessário se desfazer de sentimentos, crenças, palavras e juras de eternidade. Por exemplo, começar substituindo o “Até que a morte nos separe...” por até que o amor acabe. A morte nesses casos não precisa ser a morte física, mas a do sentimento que acabou e que não mais existe. Lembrar que tudo tem um início, meio e fim e que para cada um é aconselhável “ritualizar”. Bons ritos .
Pedro Manoel
Pedro Manoel